São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 1996
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POIS É, PRA QUÊ?

A América Latina tem ainda um grande desafio social a superar. Esse é o alerta do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o uruguaio Enrique Iglesias, dirigido a ministros de Economia e Finanças de 29 países da América Latina, reunidos em Nova Orleans no último fim-de-semana.
Presidindo o encontro estava o próprio secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Robert Rubin.
Ao mesmo tempo, em Washington, no Diálogo Interamericano, outro foro regional, com a presença do próprio Bill Clinton, o ex-ministro da Fazenda chileno, Alexandro Foxley, pediu uma urgente "humanização do processo de desenvolvimento".
O ajuste econômico que se pedia e se esperava da América Latina acabou ocorrendo nos últimos anos. Sem dúvida está ainda incompleto, mas o ex-ministro chileno ressaltou que a abertura da economia, por exemplo, simplesmente dobrou. A região exportava entre 10% e 20% do seu produto no começo dos anos 80. Hoje a proporção das exportações no PIB da região alcança em alguns casos até a marca dos 40%.
Houve também processos significativos de privatização e desregulamentação, especialmente nos mercados financeiros. A busca do equilíbrio fiscal, vista no passado como anátema pelos populistas de plantão, tornou-se um consenso e uma meta constante, ainda que tentada com graus variados de sucesso.
Em suma, a economia e as idéias econômicas na América Latina mudaram radicalmente nos últimos 15 anos. A modernização produtiva, a inserção competitiva nos mercados cada vez mais globalizados e o desmonte do aparato estatal protecionista são conquistas reconhecidas.
E a população? E o combate à miséria? E os indicadores de saúde, educação, nutrição e emprego?
As elites econômicas e governamentais, reunidas em Washington e Nova Orleans, reconhecem que mais uma década se passou e ela não foi perdida do ponto de vista econômico. Pois é, pra quê?

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