São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
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Trânsito: São Paulo quer andar

JOSÉ ZICO PRADO

A maior e mais complexa cidade brasileira já superou recordes de engarrafamentos do trânsito. Enquanto milhares de trabalhadores paulistanos viajam em ônibus, trens e metrôs superlotados e deteriorados, quais as medidas concretas que têm tomado nossos administradores?
São Paulo tem apenas 43,6 km de linhas de metrô, muito aquém de outras metrópoles do mundo. Paris, tem 487 km de linhas, Nova York, 410 km, e Londres, 394 km. Será que temos tão poucas linhas de metrô em razão dos custos? Se compararmos, em Paris, o custo por quilômetro é de 73,83 milhões de dólares; o Eurotúnel custou 82,04 milhões de dólares por km, enquanto a linha paulista do metrô atingiu o custo exorbitante de 215 milhões de dólares o km.
O prefeito Maluf prometeu entregar 15 novos corredores de ônibus para a cidade. Porém, alegando falta de recursos, passou a realizar reformas nos corredores existentes, deixando para concluir essas obras estrategicamente no final de sua gestão, período que coincide com as eleições municipais. Deixou de investir em transportes coletivos, mas elevou a dívida pública e gastou grande parte do orçamento com a construção de dois túneis e ampliação de avenidas, que apenas transferem o local dos congestionamentos.
Os gastos do governo Covas com a manutenção de obras paralisadas do metrô já ultrapassam os R$ 140 milhões, nos últimos quatro anos. O maior investimento para a manutenção de canteiros parados foi na zona leste e já custou R$ 78,816 milhões. A conclusão das obras paradas custará R$ 682,7 milhões.
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) opera hoje com apenas 60% da frota, tendo 96 trens parados por falta de manutenção. Governos do Estado e município se mostram desinteressados em atacar as causas e buscar soluções para o problema.
Defendo a integração das várias modalidades de transporte existentes e entendo que só com investimentos prioritários em transportes coletivos rápidos, confortáveis e com alta capacidade será possível tirar os veículos particulares das ruas e dar fluidez ao trânsito. Por isso, apresentei no Legislativo paulista o projeto de lei para a implantação do bilhete único. Ele permite a integração e o uso dos vários sistemas de transportes coletivos com uma só tarifa e faz a integração operacional sem necessidades de obras que encarecem a passagem.
Para andar, São Paulo só depende agora da vontade política de seus administradores.

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