São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
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Empresário quer melhorar Educação

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise na Educação no Brasil é causada, principalmente, pela não-valorização do professor.
Apesar de parecer uma declaração feita por uma assembléia dos professores, essa foi a principal conclusão de um workshop organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Cerca de 30 representantes de grandes empresas se reuniram ontem, em São Paulo, durante todo o dia para analisar os problemas e propor soluções para o setor.
O resultado do trabalho foi apresentado ao ministro da Educação, Paulo Renato Souza, também presente ao encontro.
Os empresários sugeriram que o governo estimule a criação de parcerias entre escolas e empresas, melhore o sistema de avaliação e dê mais importância aos ensinos básico e profissionalizante.
Bons professores
Mas a necessidade de bons professores foi o principal ponto de concordância entre os debatedores. "É uma questão de sobrevivência das empresas. Sem funcionários qualificados, não vamos a lugar nenhum. E tudo isso depende de bons professores", disse Samir Chalhoub, coordenador de projetos especiais da Sharp.
Ele fez parte de um grupo que analisou "a gestão e a tecnologia".
"Temos que revalorizar o magistério. Sem isso, não adianta fazer investimentos", afirmou Shirlene de Souza Carneiro, da Aracruz Celulose.
E acrescentou o vice-presidente da CNI, Carlos Eduardo Ferreira: "A falta de qualidade dos professores é causa e efeito desse fenômeno (a crise)".
Após ouvir as críticas e propostas dos empresários, o ministro Paulo Renato Souza disse: "Parece que vocês estão lendo as prioridades do ministério".
Segundo o ministro, o governo já enviou projetos de lei para a Câmara dos Deputados que aumentam os salários dos professores, dão mais verba para o ensino de 1º e 2º graus e reforçam o ensino técnico.
Noções básicas
O ministro sugeriu ainda a criação imediata de uma parceria entre governo e empresas para dar noções básicas -até a 4ª série- de português e matemática a todos os assalariados.
Pela proposta (intitulada "Educação para a Qualidade do Trabalho"), as empresas se encarregariam de organizar as turmas e contratar os professores, e o governo fornece o material didático.
O workshop foi dividido em grupos, que analisaram o ensino básico, universitário e profissionalizante, a capacitação de adultos e o uso dos avanços tecnológicos. O resultado será enviado dia 26 de junho ao ministro e ao presidente Fernando Henrique Cardoso.

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