São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 1996
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Iraque aceita trocar óleo por alimento

ONU consegue aprovar acordo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As Nações Unidas (ONU) e o Iraque chegaram ontem a um acordo que permite que o país venda petróleo para comprar alimento. Desde que invadiu o Kuait, em 1990, o Iraque está sob embargo comercial internacional.
O acordo é uma solução para que o Iraque possa abastecer de gêneros alimentícios sua população de 21 milhões de pessoas. O acordo dura seis meses e é renovável.
A decisão acabou sendo também um bom negócio para a ONU, que vai tomar para si entre 2% e 5% do dinheiro das vendas iraquianos (US$ 2 bilhões nos próximos seis meses). A ONU vem enfrentando sérios problemas financeiros.
Com parte do dinheiro (30%) também será criado um fundo de reparação de guerra, para cobrir os prejuízos causados pelo Iraque. De cada dólar de petróleo vendido, o Iraque ficará com aproximadamente US$ 0,65.
A Comissão de Compensação da ONU já recebeu 2,6 milhões de pedidos de reparação, equivalentes a US$ 190 bilhões. Será a primeira vez que a comissão terá dinheiro para pagar parte substancial da reparação. Até agora, apenas US$ 13,4 milhões foram pagos.
Elogio americano
O governo norte-americano, inimigo do Iraque na Guerra do Golfo, elogiou o acordo entre Iraque e ONU. O porta-voz da Casa Branca, Mike McCurry, disse que o Conselho de Segurança da ONU (no qual os Estados Unidos têm poder de veto) tentava desde 1991 uma solução para garantir o abastecimento da população iraquiana.
O porta-voz negou que o acordo abra caminho para uma eventual reconciliação entre os EUA e o governo do ditador Saddam Hussein.
O Iraque relutava em aceitar o acordo por temer que o acompanhamento da ONU na venda de petróleo e na distribuição de alimentos violariam sua soberania.
Uma cláusula rejeita essa violação. A resolução da ONU permitindo a troca de petróleo por comida foi aprovada há 14 meses. As negociações para que ela entrasse em vigor aconteciam desde fevereiro.
"Afinal nossos esforços foram frutíferos", disse o negociador iraquiano Abdul Amir al Anbari.
Segundo ele, o acordo é o primeiro passo para a suspensão total do embargo para a compra do petróleo iraquiano. A Organização das Nações Unidas condiciona isso ao desarmamento do país.
O acordo foi recebido com euforia no Iraque. Milhares de pessoas saíram às ruas das principais cidades para comemorar, logo depois que a rádio e a TV estatais anunciaram a decisão.
O Congresso Nacional Iraquiano, bloco de oposição a Saddam Hussein, também elogiou o acordo, mas pediu que a ONU fique atenta para não permitir que Saddam use a operação para reforçar seu regime.
Membros do Conselho de Segurança vão participar da comissão que vai fiscalizar a venda de petróleo e a distribuição dos alimentos. A comissão será totalmente definida nas próximas semanas.

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