São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996
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Ministério reprova 339 livros didáticos

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O MEC (Ministério da Educação e do Desporto) divulgou ontem em Brasília os resultados finais da avaliação dos livros didáticos que farão parte do catálogo da FAE (Fundação de Assistência ao Estudante) para 1997.
Os 339 reprovados ficarão de fora do catálogo e não poderão ser usados pelas escolas públicas em que a FAE é responsável pela compra e distribuição dos livros -todos os Estados brasileiros, à exceção de São Paulo e Minas Gerais.
O MEC preferiu não divulgar ontem a lista dos livros que tinham problemas para evitar que a crise com as editoras se aprofunde.
Ontem, duas das oito maiores editoras de livros didáticos do país -Nacional e Ibep- afirmaram que recorrerão à Justiça para que seus livros não sejam excluídos do catálogo da FAE.
Outra editora grande, a Ática, não tomará medidas legais, mas poderá contestar o mérito de alguns erros apontados pela FAE.
Desatualização
Os critérios usados para reprovar os livros foram desatualização e consumabilidade (livros que não podem ser reaproveitados).
Nas séries do primário, também foram avaliados erros conceituais e preconceito contra minorias. Dos 554 livros inscritos para uso da 1ª até a 4ª séries, 30,86% foram reprovados. Isso significa que havia erros em 171 obras.
Segundo o presidente da FAE, José Luiz Portella Pereira, só livros com mais de um erro conceitual grave foram excluídos da lista.
Um exemplo citado por Portella foi o livro "Eu Gosto de Ciências" (4ª série), da Nacional. O livro tinha 12 erros de conceito.
Na página 78, por exemplo, há uma foto de fungos que estão identificados na legenda como "células vivas ao microscópio".
Censura
O ministro Paulo Renato Souza (Educação) afirmou ontem que não cederá às pressões das editoras para que o MEC permita que os livros com erros sejam corrigidos e não retirados do catálogo.
"Não dá tempo para que eles façam as correções. Se quiserem, podem voltar a apresentar os livros para nossa apreciação no ano que vem. Não podemos mais esperar."
A FAE comprará 110 milhões de livros para 97. O gasto previsto é de US$ 226 milhões.
O catálogo da FAE serve para orientar professores das escolas públicas das regiões Sul, Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste (Rio de Janeiro e Espírito Santo).
O catálogo para o Nordeste é preparado em separado pela FAE, mas só fica pronto em novembro.

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