São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vale e garimpeiros tentam acordo

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

A Companhia Vale do Rio Doce decidiu reabrir as negociações com os garimpeiros que desde o começo do mês ocupam a região de Serra Leste, no Pará, e impedem as pesquisas da empresa sobre a jazida de ouro descoberta na área.
Depois de afirmar que só negociaria após a desocupação, a Vale se fez representar em reunião anteontem no Departamento Nacional de Pesquisa Mineral, mas não revelou o resultado do encontro.
Sabe-se, porém, que a disposição inicial da empresa era oferecer só benefícios sociais aos invasores, não cogitando aceitar exigências sobre supostos direitos de exploração sobre a jazida descoberta.
Serra Pelada
Os garimpeiros afirmam que a nova mina é uma extensão de Serra Pelada, jazida já esgotada. Por isso, dizem, eles teriam direito exclusivo de explorar Serra Leste.
A Vale contesta e diz deter os direitos de lavra sobre os 10 mil hectares de Serra Leste desde 6 de abril de 1981, quando incorporou a Amazônia Mineração S.A., dona dos direitos segundo o decreto 74.509, de setembro de 1974.
Segundo a empresa, a invasão de Serra Pelada começou em 80 e atingiu seu pico em 83, quando 60 mil homens estavam no local.
Em 84, após tentativas fracassadas de desocupação, o governo destacou provisoriamente uma área de 100 hectares para o garimpo por três anos. O prazo, diz a Vale, foi prorrogado cinco vezes, até que em fevereiro de 92 foram restabelecidos os direitos da empresa.
A indenização recebida pela Vale do governo, segundo a empresa, cobre só prejuízos durante o período em que foi impedida de minerar na área, não constituindo venda dos direitos.
A Vale diz que ao reassumir a região, em 92, Serra Pelada estava restrito aos rejeitos. Virara uma cava submersa com risco de desmoronamento. A empresa afirma ter investido R$ 2,6 milhões.
Descoberta
A descoberta da nova jazida, no início do ano, ocorreu após investimentos de R$ 17 milhões em pesquisas. A nova mina, a cerca de 2 km do garimpo extinto em 92, tem cerca de 150 t de ouro.
A jazida só deve entrar em produção em 1999, com investimentos de US$ 250 milhões.
Desde o anúncio da descoberta, em 1º de fevereiro, pequenos grupos têm tentado interromper o acesso à região. No dia 21 de abril, 500 homens bloquearam a estrada.
No dia 25 de abril, os trabalhos reiniciaram após ordem judicial, mas em 3 de maio garimpeiros voltaram a interromper a pesquisa. Desde então, está tudo parado.

Texto Anterior: PI quer usar estádio para pagar dívidas
Próximo Texto: Economistas atacam política do governo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.