São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Centro de hematologia superfatura conta

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Uma auditoria contábil da Secretaria Estadual da Saúde nas cobranças do Centro de Hematologia Santa Catarina, na Tijuca (zona norte do Rio), ao SUS (Sistema Único de Saúde) está comprovando superfaturamento nas contas da instituição.
Para fazer o levantamento, que ainda está em andamento, a secretaria está contando com uma equipe de 28 auditores, que estão examinando as contas do Santa Catarina dos últimos quatro anos.
Uma das fraudes estaria ligada à cobrança do módulo sorológico (etapa de testagem e separação de componentes do sangue). Uma vistoria da Coordenadoria de Vigilância Sanitária do Rio comprovou que a testagem era feita em "pool".
Os técnicos do Santa Catarina colocavam e testavam, em um único frasco, amostras de sangue de cinco diferentes doadores.
Cinco por um
Caso o teste desse resultado positivo para doença transmitida pelo sangue -as principais são Aids, sífilis e hepatite-, as cinco bolsas de sangue eram invalidadas.
"Com esse procedimento em relação ao módulo sorológico, eles cobravam cinco testes, mas, na verdade, só faziam um", disse Mauro de Brito, 35, coordenador da Vigilância Sanitária do Rio.
Segundo um relatório feito pela Vigilância Sanitária, o procedimento do pool renderia um lucro de R$ 700 mil ao mês para o Santa Catarina.
Carlos Bonequer, diretor médico da Casa do Hemofílico, que administra o Santa Catarina, afirma que realmente houve cobranças a mais feitas em relação ao módulo sorológico.
"Isto foi feito durante um período, mas já estamos em contato com a Secretaria Estadual da Saúde para devolver o que foi pago a mais", disse.
Interdição
O Centro de Hematologia Santa Catarina sofreu inspeção da Vigilância Sanitária no início de março. Devido a irregularidades cometidas em relação a procedimentos sanitários, esteve interditado.
As irregularidades foram constatadas tanto no setor de testes como nos de coleta e de transfusão do sangue.
Na última quarta-feira, uma nova inspeção da Vigilância Sanitária comprovou que a fábrica de hemoderivados, responsável pelo módulo sorológico, já estava em condições de voltar a funcionar.
Os outros setores, depois de cumprir as exigências feitas pela Vigilância Sanitária, já tinham voltado a funcionar.
Segundo a Vigilância, o Santa Catarina é responsável por todo o fator 8 (usado para tratamento de hemofílicos) consumido no Rio.

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