São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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Livraria especializada fecha em SP

ESPECIAL PARA A FOLHA

A Livraria Freitas Bastos, uma das mais tradicionais na área jurídica, fechará definitivamente sua filial de São Paulo no final do mês.
Instalada no número 62 da rua 15 de Novembro, no Centro Velho da cidade, bem atrás do Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, a livraria atendeu a comunidade durante 58 anos.
Não se trata apenas de uma livraria. O seu espaço físico foi um ponto de referência e convívio de advogados, juízes e políticos até meados da década de 80.
Além disso, a Freitas Bastos é também uma editora, que inclui entre seus autores Serpa Lopes, Carlos Maximiliano e Walter Ceneviva. A decisão de fechar a Freitas Bastos paulistana foi da matriz, que resolveu concentrar os negócios no Rio de Janeiro, onde fica a sede da empresa.
Por conta do encerramento dos negócios, a Freitas Bastos está liquidando todo o seu estoque com 40% de desconto.
Entre os clientes famosos da Freitas Bastos estão o deputado federal Franco Montoro, Ulysses Guimarães, Jânio Quadros e o ministro do Superior Tribunal do Trabalho Almir Pazzianoto. "Lamento profundamente o fim da Freitas Bastos, que prestou relevantes serviços à cultura jurídica. Eu e vários colegas nos encontrávamos lá para comprarmos livros e conversarmos sobre literatura jurídica. Ficarão sempre na nossa memória os momentos ali passados", comenta Guido Antonio Andrade, presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP).
A livraria ainda conserva sete funcionários. Um deles, Percival José Laporta, 49, tem 26 anos de Freitas Bastos, onde começou como office-boy.
"Faltam apenas quatro anos para aposentar-me. Estou procurando emprego, mas não está fácil de conseguir", diz Laporta.
Dirceu Senice, 53, está cumprindo aviso prévio. "É uma pena fechar a livraria, que já é um ponto histórico no centro de São Paulo", lamenta.
Mas Senice já planejou o futuro. Vai aposentar-se e trabalhar como contador, primeira função que ocupou na Freitas Bastos.
O ponto da Freitas Bastos chegou a ser negociado. Seria uma nova livraria, que aproveitaria o espaço e os atuais funcionários, mas o proprietário do edifício não permitiu.

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