São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996
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COMPASSO DE ESPERA

Nesta semana o banco central dos EUA deixou inalterados os juros.
Mas ganha força o cenário de elevação em até mais meio ponto percentual dos juros americanos em 96. E no Japão já se espera também uma elevação dos juros até o final do ano. Completando, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) fez uma revisão para baixo de suas projeções de crescimento econômico mundial.
Em parte refletindo esse cenário, economistas de instituições financeiras internacionais declararam que a América Latina está hoje em melhores condições de resistir a uma eventual elevação dos juros nos mercados internacionais. E o Grupo dos Dez aprovou a constituição de um fundo de emergência que permitirá ao FMI sacar até US$ 50 bilhões em menos de 24 horas para atender a situações como a da crise mexicana.
O quadro para as economias em desenvolvimento é algo frustrante, para dizer o menos. De um lado as perspectivas de alívio financeiro e retomada do crescimento são estreitas. De outro, se a nova facilidade do FMI conforta, ao mesmo tempo, pragmaticamente, institucionaliza o temor entre os industrializados de novas crises entre os menos desenvolvidos.
Há quem espere, até no Brasil, uma revoada de capitais e investimentos do Primeiro Mundo em direção às economias emergentes. Mas quase nada autoriza tanto otimismo.
Em primeiro lugar, os fluxos de capitais e os projetos de reconstrução têm hoje destinos e condições preferenciais bastante notórios. Em primeiro plano estão os mercados asiáticos, com destaque incomparável à China. Logo depois ganham destaque os compromissos com a Rússia, por exemplo, se Ieltsin vencer nas eleições de junho, e com outros países em transição onde o espectro do retrocesso volta a inquietar.
Para os latinos, com estabilizações ainda frágeis e contas públicas precárias, o momento ainda é, e será por algum tempo, ritmado sobretudo por um compasso de espera.

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