São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 1996 |
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Infecção mata pelo menos 13 idosos CLÁUDIA MATTOS CLÁUDIA MATTOS; CRISTINA RIGITANO
CRISTINA RIGITANO A diretoria da clínica Santa Genoveva (Santa Teresa, região central do Rio) admitiu ontem à tarde que 13 internos idosos morreram, infectados pela bactéria shigella. Segundo a clínica, 60 foram contaminados, no total. Foram encontrados no necrotério da clínica três corpos de pacientes que haviam morrido nos dias 16, 26 e 28 de maio. A notícia das mortes dos idosos, ocorridas neste mês, havia sido publicada pelo jornal "O Globo". Familiares de pacientes e representantes das secretarias da Saúde do Estado e do município acreditam que o número de mortos seja maior, podendo passar de 30. A delegada Sônia Belo, titular da 7ª DP (Santa Teresa), abriu inquérito para apurar as mortes. Ela tem outras denúncias contra a clínica, como a de que um doente teria caído da cama e morrido de traumatismo craniano. As autoridades da área de saúde estranharam o fato de, em abril, a clínica ter registrado 32 óbitos. Em maio, o número subiu para 52. O livro de óbitos da clínica registra 13 casos fatais da doença. As equipes de fiscalização suspeitam que estejam sendo omitidas mortes causadas pela bactéria. A Santa Genoveva é uma clínica particular conveniada com o SUS (Sistema Único de Saúde). Ontem, a Secretaria Estadual da Saúde determinou que fossem mostrados os prontuários dos pacientes infectados. A direção apontou 60 casos, mas apresentou só 27 prontuários. Exumação "Há, por exemplo, casos de parada respiratória e cardíaca que podem muito bem ter sido causados pela infecção", disse o coordenador de fiscalização da secretaria, Mauro dos Santos. Santos afirmou que pedirá a exumação dos cadáveres. Ele também intimou a clínica a tomar medidas como, em 24 horas, limpar a cisterna do hospital. Outra medida é comprar alimentos em empresas especializadas e água mineral, pois havia leite e carne estragados na geladeira. A cozinha foi interditada. Pelas irregularidades, a clínica já foi multada em R$ 1.000. A fiscalização também acusa a diretoria de não ter informado as autoridades da existência do surto. A notificação é compulsória. "Não informamos porque achávamos que era normal. Vamos apurar os fatos", disse um dos sócios da clínica, Eduardo Espínola. Segundo a Vigilância Sanitária, o surto deve ter sido causado por água contaminada ou alimentação estragada. A clínica acusa familiares de doentes de terem levado alimentos contaminados no Dia das Mães, 12 de maio. O argumento foi descartado por deputados estaduais que foram à clínica ontem. "Antes do Dia das Mães, algumas pessoas já tinham morrido da infecção", disse a deputada Lúcia Souto (PPS). Texto Anterior: ONU não opina sobre proposta Próximo Texto: "Estou com diarréia há 1 mês" Índice |
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