São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Direita deve vencer, mas falta resultado final

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM

O líder da coligação conservadora Likud-Tsomet-Gesher, Binyamin "Bibi" Netanyahu, 46, tem tudo para ser o novo premiê de Israel.
Mas o resultado definitivo só será conhecido hoje ou, talvez, domingo, pois 140 mil votos ainda não foram apurados. A vantagem de "Bibi" sobre o atual premiê, o trabalhista Shimon Peres, 72, é de apenas 0,7 ponto percentual.
"Bibi" ganha por 21 mil votos (50,3% contra 49,6%), em um eleitorado total de 3,9 milhões. Falta a apuração dos chamados eleitores especiais (soldados, doentes, presos e funcionários no exterior).
Para que Peres possa tirar a diferença, precisa ter algo mais de 55% desses votos, hipótese tida como improvável -menos, é lógico, pelos próprios trabalhistas.
O ministro da Habitação, Binyamin Ben Eliezer, diz que os soldados, que formam o grosso do contingente de "eleitores especiais", "vão fornecer uma surpresa, em grande medida por causa do assassinato de Yitzhak Rabin".
Mas Ben Eliezer não está levando em conta que, após os atentados contra alvos israelenses em fevereiro e março, o público (jovem ou não) mudou de novo de lado, para favorecer a direita.
O mercado financeiro, que não lida com emoções, reagiu com a certeza da vitória de "Bibi": a Bolsa de Valores teve queda de 4,84%.
É indicação de que o mercado acredita que os conservadores deverão congelar o processo de paz. A incerteza decorrente atemoriza os investidores.
O serviço de segurança, também pouco afeito a emoções, deu a "Bibi", desde ontem, vigilância rigorosa, como se fosse chefe de Estado. Até as janelas do apartamento que ocupa no Hilton Tel Aviv ganharam vedação especial.
Anulação
Mas nem "Bibi" cantou formalmente vitória nem Peres reconheceu derrota.
Até porque Ran Cohen, trabalhista, anuncia recurso contra a anulação de 70 mil votos por supostas irregularidades.
É mais do que o suficiente para mudar o resultado final.
A apuração dos votos normais está praticamente terminada (99,9% já foi feita). A Comissão Central Eleitoral checava ontem se os eleitores especiais não votaram duas vezes, já que poderiam fazê-lo na sua seção normal ou nos locais em que se encontram (hospitais ou bases militares).
Só após a checagem, apura os votos. Se terminar até meio-dia, o resultado sai ainda hoje. Se não, fica para domingo, porque tudo pára na tarde de sexta e no sábado, por conta do sabá (descanso religioso).
Na votação para o Parlamento, houve o que Ben Eliezer definiu como "um terremoto", com o forte crescimento dos partidos religiosos e de grupos novos como o Terceira Via (cisão trabalhista) e os imigrantes do Israel Balyia.
Consequência: a perspectiva de um Parlamento "estilo italiano", para o colunista Nahum Barnea, do jornal "Yedioth Ahronot", ou seja, extremamente fragmentado. E "instável", na opinião do cientista político Yaron Ezrachi.

Texto Anterior: Eleição na Caxemira deixa dois mortos; Acaba o casamento de 'Fergie' com príncipe; Ieltsin cancela visita e cria rumor sobre saúde; México protesta contra advertências dos EUA; Vantagem de Clinton cai após condenações; Afastados responsáveis por vôo de Ron Brown
Próximo Texto: Noite variou da festa à decepção para os partidos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.