São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 1996 |
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Noite variou da festa à decepção para os partidos
CLÓVIS ROSSI
A piadinha refletia o ânimo de militantes políticos, ao se encerrar uma das mais estranhas madrugadas eleitorais da história, na qual houve duas pequenas festas, que, somadas, deram em festa alguma. A primeira festa começou exatamente às 22h de anteontem (16h em Brasília), quando o Canal 1 da TV anunciou o resultado da pesquisa boca de urna: 50,7% para Peres e 49,3% para "Bibi". No Cinerama, o quartel-general trabalhista, a festa explodiu, aos gritos de "hu, ha, o que aconteceu que Bibi explodiu?". No QG do Likud, previsivelmente, fez-se silêncio de velório. No Cinerama, os líderes trabalhistas produziam frases sobre frases para uma eventual antologia de "esqueçam o que eu disse". Yossi Beilin, um dos mais íntimos do premiê: "Peres pode dormir tranquilo, pois nunca foi tão fácil formar uma coligação". Binyamin Ben Eliezer, ministro da Habitação: "Estou certo de que os resultados serão mais e mais em nosso favor". Caciques do Likud também deram sua contribuição. Rafael Eitan, o ultradireitista que chefia o Tsomet, coligado ao Likud: "Parece que o premiê será de um partido, mas a maioria do Knesset será de outro campo" (a direita terá maioria relativa no Parlamento). Meir Shitrit, reeleito deputado, começava já a especular com a substituição de "Bibi" na liderança do bloco: "Ele é que deve decidir (se se afasta). Eu acho que o Likud teria de deliberar seriamente para ver o que faz em seguida". Às 2h da madrugada, os sinais começaram a se inverter. A TV divulgou uma atualização da boca de urna, levando em conta o voto dos que só foram às urnas tarde da noite. Resultado: 50% a 50%. O silêncio no Likud vira festa, mas a festa trabalhista continua. Afinal, a apuração (e não pesquisas) ainda punha Peres à frente. Depois de 20 minutos, um locutor do Canal 1, diz: "Não usaremos a palavra virada, mas podemos usar a frase oscilação do impasse. Estamos recebendo resultados mostrando 50,4% para Netanyahu e 49,6% para Peres". Referia-se à atualização das pesquisas boca de urna. Em Israel, cada vez que chegam resultados efetivos de uma região, os pesquisadores fazem uma correção na pesquisa para a mesma área e projetam o resultado corrigido. Na apuração, Peres ainda manteve a liderança até após as 4h da madrugada. Aí, "Bibi" o ultrapassou, mas a diferença ficou em menos de um ponto percentual. Pela manhã, o ronco dos helicópteros militares anunciava que estavam chegando as urnas com os votos dos soldados em Gaza, na Cisjordânia e no sul do Líbano. Eram os votos que afinal acabariam com a "oscilação do impasse", que surpreendeu os jornais israelenses, incapazes de anunciar o vencedor nas manchetes de ontem. A mais próxima da verdade foi a do "Maariv": "Soldados determinarão o resultado final". (CR) Texto Anterior: Direita deve vencer, mas falta resultado final Próximo Texto: Judeus russos ganham força Índice |
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