São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 1996
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Direita mantém slogan radical

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Nem a perspectiva de vitória moderou o radicalismo dos líderes da direita israelense.
O deputado Tsahi Hanegbi, chefe do quartel-general eleitoral do Likud, retomou na manhã de ontem o slogan difundido desde as vésperas da votação: "Parece que, no setor judaico, a maioria dos judeus acha que Netanyahu é bom para os judeus".
É uma alusão ao fato de que "Bibi" levou uma vantagem de dez pontos percentuais (55,5% a 44,5%) entre os eleitores judeus (86% do total).
É também uma alusão ao fato de que a mínima margem de uma eventual vitória se deve ao fato de os não-judeus (na grande maioria, árabes) terem votado maciçamente em Shimon Peres.
Clara demonstração de que "os círculos direitistas estão incentivando o aumento da clivagem (entre árabes e judeus)", como escreveu ontem Meron Benvenisti, colunista do jornal "Haaretz".
Para Benvenisti, "a incitação com fundo étnico que foi feita antes das eleições não será esquecida. A eleição abriu uma nova página na história de como as comunidades convivem no Estado de Israel".
Também Nahum Barnea, colunista do principal jornal israelense, o "Yedioth Ahronot", bate na mesma tecla: "A disputa política se transformou em uma guerra entre os árabes e os judeus, entre os religiosos e os leigos".
São as duas faces da profunda cisão na sociedade israelense, que já era latente, mas ficou mais exposta durante o processo eleitoral.
Os três partidos religiosos terão 24 deputados no novo Knesset, um terço mais do que os 18 que foram o seu pico décadas atrás.
Dá, portanto, 20% do Knesset de 120 lugares para a representação dos "haredim" (tementes a Deus).
"Nós queremos influenciar mais os valores judaicos", diz Yitzhak Levy, deputado eleito pelo Partido Nacional Religioso, que representa ortodoxos modernos.
Levy jura que "ninguém deveria pensar que exerceremos essa influência por meio de uma onda de coerção religiosa".
Não convence plenamente, a ponto de Avraham Burg, presidente da Agência Judaica, ter dito ontem que, além da paz com os árabes, Israel precisa "promover a paz entre os israelenses".
(CR)

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