São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O PTB é a noiva

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O inexpressivo PTB tornou-se a noiva mais cobiçada na eleição para prefeito de São Paulo.
Com cerca de sete minutos no horário eleitoral gratuito, um candidato sem chances (Campos Machado) e muita disposição para barganhar, o PTB atrai todo tipo de político -inclusive aqueles que se dizem honestos e negam negociações espúrias.
Mário Covas, por exemplo. O governador paulista foi rápido para demitir pefelistas. Em público, quis se afastar dos fisiológicos. Na surdina, convidou para uma reunião no Palácio dos Bandeirantes, anteontem, o candidato petebista à Prefeitura da São Paulo, mundialmente conhecido por sua probidade.
Campos Machado ouviu de Covas apelos do tipo "temos de derrotar o Maluf". E promessas aos montes. Se Machado retirar sua candidatura para apoiar José Serra, os tucanos negociarão a participação dos petebistas na campanha, no governo Covas e na futura prefeitura.
Machado, que não é bobo nem nada, desconversou. É jogo de cena. Uma frase de um petebista importante resume a estratégia: "Quanto mais tempo passar, mais eles (os tucanos) ficam espremidos". Ou seja, mais o PTB vai arrancar.
Mas não é apenas Mário Covas quem faz a corte ao PTB. Na terça-feira, o ex-governador de São Paulo Luiz Antonio Fleury Filho recebeu pelo menos cinco telefonemas do prefeito Paulo Maluf.
Mais direto, Maluf foi logo dizendo que negocia até quatro secretarias na futura prefeitura. Isso se Fleury convencer Campos Machado a desistir e apoiar o neopepebista Celso Pitta.
Fleury, um político atualmente condenado ao oblívio, ficou envaidecido com o assédio malufista. Com poder limitadíssimo dentro do PTB, disse ao prefeito paulistano que iria encaminhar a proposta.
Como o prazo final é 30 de junho, muita coisa -coisa concreta- vai rolar até que o PTB se decida.

Texto Anterior: Liberou geral
Próximo Texto: Maria
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.