São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996 |
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Guitarrista americano de jazz Jim Hall estréia como "chorão" Músico se apresenta hoje com Oscar Castro-Neves CARLOS CALADO
Acompanhado pelo violonista Oscar Castro-Neves, pioneiro da bossa nova radicado nos EUA, Hall vai tocar choros pela primeira vez, com músicos brasileiros. "Já ouvi tantos discos de música brasileira que tenho a impressão de ter ido muitas vezes ao Brasil", disse o jazzista à Folha, por telefone, de Nova York. Leia a seguir trechos da entrevista. * Folha - Como você se aproximou da música brasileira? Jim Hall - Foi em 1960, quando acompanhei Ella Fitzgerald em uma turnê pela América Latina. Tocamos no Rio de Janeiro. A bossa nova estava começando. Folha - Ficou alguma lembrança especial daquela viagem? Hall - Eu e o trompetista Roy Eldridge saímos pelos bares e assim pudemos ouvir muitos músicos brasileiros. De início, era difícil para mim entender o que os violonistas e os baixistas faziam. Folha - Além da bossa, você também conhece bem o choro? Hall - Na verdade, não tenho muita familiaridade com o choro. Já ouvi um pouco, e Oscar Castro-Neves tem me ajudado a entendê-lo melhor. O samba é mais fácil para mim. Folha - Não acha que existe uma certa semelhança, em termos de estrutura, entre o choro e o "ragtime" (uma das raízes do jazz)? Hall - Sim. Oscar me disse que sente certa afinidade do choro com o ritmo do "bebop", mas a forma é mais próxima do "ragtime". Folha - É difícil para um jazzista improvisar sobre o choro? Hall - É o que vou descobrir. De fato, esta é a primeira vez que vou tocar com um grupo de músicos brasileiros. Já toquei alguma coisinha com Oscar, mas música brasileira de verdade, nunca. Folha - O público americano tem mais interesse hoje pela MPB que na época da bossa nova? Hall - Talvez as pessoas não percebam o quanto de influência brasileira existe hoje no jazz. Acho que o jazz mudou a música do Brasil e esta mudou o jazz. Vou tocar uma música que compus em homenagem a João Gilberto. E o que mais? Hall - Dois temas de Oscar, um choro de Jacob do Bandolim e outra composição minha, um blues chamado "Carefull". Festival: Chorando Alto Onde: Teatro do Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, região oeste, tel. 011/864-8544) Quando: hoje, às 21h Quanto: R$ 25 Texto Anterior: Leary viajou do ácido à realidade virtual Próximo Texto: Charles Brown e Los Lobos são as atrações de hoje no Palace Índice |
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