São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996 |
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Cinzas de Leary vão para o espaço
MARIA ERCILIA
Leary não cumpriu sua última promessa. O guru do LSD vinha anunciando que ia se suicidar em público, numa transmissão ao vivo na Internet. A idéia foi primeiro comunicada numa mensagem de correio eletrônico, espalhou-se rapidamente pela rede e acabou assunto de reportagens nos grandes jornais norte-americanos, inclusive no "The New York Times". Leary chegou a descrever em detalhes como tomaria um coquetel de drogas e morreria sem dor, diante de uma câmera que transmitiria as imagens para a Internet. Morreu antes. Jamais se saberá se ele se acovardou, se não teve tempo de cumprir o plano ou se a idéia era apenas uma última manobra para atrair atenção. Em compensação, na semana passada foi anunciada uma transmissão na Web de um show de Leary e seu amigo Ken Kesey, que não chegou a ser feita. Aliás, todo o seu entusiasmo com a Internet sempre soou um pouco forçado, como se estivesse desesperadamente tentando pegar carona em mais uma utopia hedonista. Por várias vezes, comparou o computador ao LSD, mas nunca conseguiu explicar direito porquê. 452 x 415 Um jornalista, Matt Drudge, realizou uma enquete na Internet, perguntando se Leary devia ou não se suicidar ao vivo. O resultado foi um quase empate, 452 x 415. Drudge informou ontem em sua página que a última droga que Leary tomou foi cápsula de melatonina. Na página de Leary, uma sucinta mensagem informa: "Depois da meia-noite, em sua cama favorita e cercado de seus melhores amigos, Timothy Leary morreu tranquilamente. (...) Nosso amigo e mestre, guia e inspiração vai continuar a viver dentro de nós." A mensagem foi acompanhada de uma mandala com a foto de Leary. Embora não tenha sido transmitida na Internet, a morte de Leary foi filmada por amigos, que não revelaram o que farão com o filme. Outro de seus planos que não foi levado adiante foi o de ter sua cabeça congelada e preservada. Texto Anterior: REPERCUSSÃO Próximo Texto: REPERCUSSÃO Índice |
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