São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
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Estrutura de apoio fundamental

ADROALDO STRECK

Não é exagerada a comitiva presidencial de cem pessoas em viagem a um país da importância da França. A figura central, o presidente da República, cumpre programação oficial. É quem aparece. Mas, nos bastidores, um exército de funcionários do país visitado corre freneticamente, ordenando atos e eventos que, às vezes, começam às 8h, estendendo-se noite adentro.
Do lado do presidente visitante, é fundamental uma estrutura de apoio capaz de tornar a missão produtiva. Tenho a vivência de mais de 40 viagens presidenciais ao exterior desde o tempo em que exercia o jornalismo. As críticas às viagens presidenciais geralmente ocorrem por desconhecimento de causa. Se a comitiva for considerada excessiva, mesmo sem a avaliação das tarefas de cada integrante, a crítica aparece. Ou a reprovação virá porque o presidente da República é um simplório e viajou sem o mínimo de assessores necessários.
Lembro-me de um governador do Rio Grande do Sul, autodenominado austero e de mão fechada, que foi a Washington sozinho assinar contratos com organismos internacionais. Não fez reserva de hotel, certamente para não gastar uma ligação telefônica. Encontrou a cidade com diversos congressos em andamento e hotéis lotados. Não dormiu no banco da praça porque o embaixador brasileiro o hospedou em sua casa.
Exageros em deslocamentos presidenciais ocorrem nos Estados Unidos. Guardo na memória uma viagem do presidente Reagan à ilha de Barbados. Um navio-hospital foi ancorado ao largo, aviões Búfalo desembarcaram reluzentes limusines para transporte da comitiva. E, de quebra, o governo americano mandou melhorar os serviços telefônicos de Barbados para uso de Reagan durante os dois dias da visita.
Excentricidades de país rico! Nós precisamos nos situar na medida. O número de assessores para viagens ao exterior é proporcional à importância do país visitado. Tal avaliação cabe ao Palácio do Planalto e ao Itamaraty.
Sem a preocupação de críticas, por outro lado urge comprar um avião atualizado para os deslocamentos do presidente da República. Não podemos correr o risco de embarcar o chefe de Estado num avião pré-histórico, conhecido por "sucatão". É decisão que precisa ser tomada com urgência, sem se deixar paralisar pelo veneno destilado por uma antiga comunicadora de TV, declaradamente partidária de um eterno candidato à Presidência da República.

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