São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
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CRÉDITO À VISTA

O governo acenou com a possibilidade de descomprimir um pouco as restrições creditícias. Se isso vier a ocorrer, será uma primeira mostra de que as autoridades perceberam que a situação econômica mudou.
Já esgotado o forte impulso recebido com a queda da inflação, agora o risco parece estar mais na estagnação que na improvável eventualidade de um reaquecimento excessivo.
As medidas aventadas seguem duas linhas de ação. De um lado, a ampliação e desoneração do crédito para as pessoas físicas e a diminuição do prazo mínimo para os consórcios de automóveis. De outro, medidas que permitam às empresas captar recursos diretamente, evitando as elevadíssimas taxas de juros cobradas nos empréstimos bancários.
Uma redução do IOF para os empréstimos a pessoas físicas e a permissão para a formação de grupos de consórcio de 24 meses são medidas que, se efetivamente implementadas, tendem a estimular o hoje moderado nível de consumo.
A permissão para o lançamento de "commercial papers" (títulos de empresas não-financeiras) e para a captação lastreada em créditos a receber (como de cartões de crédito) pode, ao menos teoricamente, facilitar a obtenção de crédito para as firmas e para os bancos.
São medidas ainda em estudo. O Banco Central está recomendando que algumas delas sejam aprovadas na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional, em 5 de junho. Por enquanto, só o que se pode afirmar é que, ao acenar com tais com medidas, o governo no mínimo dá sinais de que começa a reconhecer o que tem sido amplamente apontado por analistas independentes: que o grau de arrocho está demasiadamente elevado, diante da clara contenção do nível de atividade econômica.
Pode ser apenas uma resposta retórica às pressões de diversas entidades, de sindicatos e da opinião pública. Mas é possível que seja, finalmente, um sinal para uma cuidadosa retomada do crescimento.

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