São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
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Boa notícia para Serra

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - José Serra ainda não era candidato no dia 13 de maio. Era uma segunda-feira e publicitários debatiam sobre campanhas políticas no Memorial da América Latina.
Indagado sobre o que aconteceria na eleição para prefeito de São Paulo com a entrada do então ministro do Planejamento na disputa, o publicitário Duda Mendonça disse: "Se o Serra fosse candidato, ele ganhava".
Duda Mendonça, como se sabe, é o ser humano que resgatou Paulo Maluf de um inferno político aparentemente sem fim. Hoje, Duda faz a publicidade do candidato malufista, Celso Pitta, na cidade de São Paulo.
Mas essa incontinência verbal de Mendonça não é a melhor notícia para José Serra na disputa pela prefeitura paulistana. Até porque, hoje, o publicitário negará o que disse.
A boa notícia para Serra é que os gurus eleitorais, da esquerda à direita, acham que a eleição paulistana terá um primeiro turno concentrado em temas municipais.
Essa análise difere do senso comum divulgado em Brasília. Talvez porque em Brasília Serra tenha colecionado muitos inimigos.
Publicitários e especialistas em campanhas políticas estão seguros de que o eleitor hoje está muito mais preocupado com questões locais do que nacionais. E que as sucessivas eleições já produziram boa capacidade de discernimento no eleitorado sobre o que é um prefeito, um governador e um presidente da República.
Por isso, apesar de petistas e malufistas desejarem imputar a Serra as culpas pelos problemas nacionais, o discurso não deve colar.
É claro que toda essa análise parte do pressuposto de que a conjuntura nacional -tanto política como econômica- fique mais ou menos como está hoje.
O embate real, nacionalizado, aconteceria num eventual segundo turno, sempre mais polarizado. Aí, realmente, o candidato governista terá de explicar muita coisa.

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