São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996
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Tembés declaram guerra a ocupantes de reserva no Pará

Tribo ameaça matar os invasores da área como vingança

IRINEU MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAPITÃO POÇO

Os índios da tribo Tembé, na reserva Alto Rio Guamá, no nordeste do Pará, declararam guerra aos moradores da Vila do Livramento, em Garrafão do Norte (250 km a leste de Belém), como vingança pela prisão de 77 índios na última quarta-feira.
Eles ameaçam matar invasores da reserva e provocar incêndios em plantações que estejam dentro da área indígena.
Um dos 12 líderes da reserva, Edivaldo Tembé, disse anteontem que os índios matarão "quem aparecer dentro da reserva".
Os moradores do povoado usam áreas da reserva para plantar e criar gado. "Se os índios voltarem à nossa área, nós teremos todo o direito de liquidá-los", disse Arnaldo Gomes Silva, 25, agricultor residente na Vila do Livramento.
Na semana passada, os índios e três funcionários da Funai (Fundação Nacional do Índio) foram mantidos como reféns por 54 horas.
"O clima já é de guerra. Decidimos que vamos descontar a humilhação e a violência que sofremos", disse Edinaldo Tembé, em entrevista à Agência Folha na entrada da reserva, às margens do rio Guamá, em Capitão Poço (PA).
O líder Valdeci Tembé, 29, disse que os índios iriam esperar as negociações que devem começar nesta semana em Belém com representantes do Incra, Funai e Ibama, para solucionar os problemas de invasão e exploração da reserva.
"Nós queremos resolver os problemas sem violência. Mas se eles (os colonos) estão com a disposição que estavam quando nos prenderam, nós também estamos dispostos a lutar", afirmou.

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