São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996 |
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A crítica
FRANCESC PETIT Elemento indispensável para pesar o valor real aos talentos, aos autores, aos verdadeiros criadores, e separar os gênios dos mentirosos, dos aventureiros e dos oportunistas.A crítica diz qual peça de teatro é boa e qual é ruim, que peça é honesta ou desonesta, se é arte ou puro comércio, dá destaque ao trabalho dos atores, diretores e cenaristas. A crítica vê tudo com espírito crítico, às vezes cáustico, às vezes irônico. Não imagino o teatro sem crítica. Como acontece na ópera, a crítica não enaltece o vozeirão ou aquele que vende mais discos. A crítica vai fundo nos valores da música lírica. A crítica já fez muitos artistas, já construiu muitos grandes nomes da pintura, mas também já destruiu outros tantos, sendo artistas que por intermédio de maneirismos habilidosos e muita encenação conseguem enganar há vários séculos, principalmente nos últimos 50 anos. A crítica é fundamental para distinguir a pintura real da decoração, a arte da ilustração, a obra genial do quadro comercial. Só a crítica pode fazer isso. O mesmo ocorre no cinema -só a crítica consegue esclarecer o que é entretenimento apenas e não cinema de verdade. A crítica faz diferenças entre o festival de cinema de Cannes e a entrega do Oscar em Hollywood. A crítica sabe colocar as coisas em seu devido lugar. A crítica é o maior prêmio que o criador pode esperar, que o autor deseja, o pior desprezo que existe, a pior ofensa que se pode fazer a um cineasta, pintor, músico ou escritor. E ser ignorado pela crítica é o fracasso total, a miséria das misérias. Quando o crítico não diz nem bem nem mal, é o fim do mundo. Também não se salvam da crítica o político, o economista, a Fiesp, a USP. A crítica pára tudo, menos a propaganda brasileira. É assim que se encontra a nossa querida e amada propaganda brasileira, uma das melhores do mundo, com alguns dos melhores publicitários do mundo. Sem crítica não há crítica, nem críticos. Aqui são todos a favor -a mentira elogiada, a falsidade premiada, a cópia elogiada, a malandragem aplaudida e a crítica calada, cega e muda. Aqui está faltando um Arnaldo Jabor na propaganda. Texto Anterior: Empresa agrupa itens de maior vendagem Próximo Texto: Film Planet inaugura filial argentina Índice |
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