São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996
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Paulistanos têm cobras e lagartos

Bichinhos que são um espanto

DA REPORTAGEM LOCAL

Eles são silenciosos, não têm pulgas e dispensam refeições frequentes -alguns aguentam meses sem comer. Em compensação, costumam ser escondidos das visitas e dos vizinhos.
Numa das poucas, senão única loja de bichos exóticos da cidade, a Bioterium, cobras e lagartos é o que mais tem saída. Até o mês passado eram vendidos dez animais por semana, segundo o proprietário, o biólogo Marcus Augusto Buonomato.
No momento as importações estão suspensas e há apenas animais em exposição. A loja continua a vender peixes ornamentais.
Hellen Rose Joly Castro, 19, é uma das adeptas desses estranhos bichos domésticos. Ela convive com três serpentes, uma salamandra e um escorpião.
Como qualquer gatinho, Hellen põe suas serpentes no colo e ainda as batiza. Guto e Guta são os nomes de duas. A salamandra "atende" por Zan.
São R$ 150 por mês só com a alimentação da dupla de serpentes, que abocanha por semana cinco camundongos vivos -vale congelado também. Zan se satisfaz com peixes, e o escorpião, ainda sem nome, come grilos.
Pelo jeito, mãe que é mãe se acostuma até com serpente em casa. "No começo ela não gostava da idéia, mas agora já está acostumada", conta Marcio Miyake, 21. No seu quarto, um terrário abriga Spike, uma iguana macho, e uma serpente python branca, o Max.
"Já cheguei a ter mais de cem aranhas. Parei porque para alimentá-las é preciso ter uma criação de baratas e grilos", diz Gabriel Christianini, 19. Atualmente, é dono de 35 aranhas caranguejeiras, que vivem dentro de um quarto.
Um pouco mais civilizada é a alimentação das cinco aranhas caranguejeiras dos gêmeos Lionel e Jean Felipe Piçarra, 16. Elas comem carne moída e sardinhas, mas aceitam barata e lagartixas.
Cobras e lagartos precisam de terrários especiais com iluminação adequada e aquecimento. A loja Bioterium (rua Alfredo Pujol, 1.409, Santana, 011.959-8561) vendia serpentes python por R$ 300. Um terrário completo custa R$ 250 e cada camundongo vivo ou congelado custa R$ 3.
A loja aguarda a liberação das importações para voltar a vender cobras e lagartos.
Cuidados
O pesquisador da área de herpetologia (estudo dos répteis) do Instituto Butantã, Giuseppe Puorto, 42, aconselha os criadores de cobras a não manusear o animal e não permitir que ele escape.
"Já soube de dois casos de animais que escaparam, invadiram casas de vizinhos e foram mortos", diz o biólogo.
As caranguejeiras também exigem cuidados. Segundo Irene Knysak, 42, pesquisadora do laboratório de artrópodes peçonhentos do Instituto Butantã, elas têm pêlos que podem provocar irritação na pele. Por isso é melhor evitar tocá-las.

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