São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996
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Dalai Lama racha país, diz China

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

As atividades do Dalai Lama carregam um caráter "separatista" e buscam dividir o país, sustenta o governo chinês.
Para Pequim, o Tibete é parte da China desde o século 13 e portanto não se pode falar em "ocupação do território tibetano".
No século 20, a história testemunhou, em 1950, a entrada das tropas do Partido Comunista chinês no Tibete. Mao Tse-tung havia chegado ao poder em Pequim no ano anterior.
Pequim argumenta que as tropas comunistas libertaram a população tibetana da "opressão exercida pelo sistema feudal".
Diz a história oficial, contada pelo governo chinês, que o "Exército Popular de Libertação entrou no Tibete com o objetivo de ajudar o povo a alcançar sua libertação".
Os seguidores do Dalai Lama se dividiam então entre os nacionalistas e os favoráveis a um acordo com os comunistas chineses.
O Tibete estava mergulhado num cenário de confusão e as tropas chinesas entravam na região praticamente sem enfrentar resistência, conforme escreveu o canadense Tom Grunfeld, autor de "The Making of Modern Tibet" (A Formação do Tibete Moderno).
A resistência antichinesa atravessou enfraquecida o início dos anos 50 e se organizou em 1956.
Três anos depois, uma rebelião desafiou o poder de Pequim, mas terminou em fracasso e na fuga do Dalai Lama para o exílio na Índia.
A China apertou o controle sobre a região, contando com a ajuda de budistas leais ao poder de Pequim.
O Tibete, a partir de 1959, assistiu a uma escalada da repressão chinesa, contra tentativas de se organizar o nacionalismo tibetano.
Para o governo chinês, o nacionalismo tibetano é insuflado por "forças estrangeiras interessadas em dividir e enfraquecer a China".
Pequim também acena com a construção de estradas e pontes, além da instalação de redes de comunicação, como "evidentes conquistas do comunismo".
"O povo tibetano, no teto do mundo, 4.000 m acima do nível do mar, criou uma civilização moderna", disse ano passado o vice-premiê chinês Wu Bangguo. "É um milagre do mundo moderno."
Wu Bangguo discursava em Lhasa no trigésimo aniversário da criação da "região autônoma do Tibete", estrutura administrativa que Pequim argumenta proporcionar ao território tibetano mais autonomia do que às Províncias.

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