São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996
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AGENDA COMPETITIVA

O penúltimo lugar em competitividade na economia atribuído ao Brasil no relatório do Fórum Internacional de Davos (Suíça) divulgado na última semana mostra, primeiramente, um certo descompasso entre a opinião que o país faz de si mesmo e a que dele fazem importantes atores da economia mundial.
Por mais que aqui se aponte a necessidade de reformar o Estado e reduzir o "custo Brasil", é improvável, para dizer o menos, que empresários e autoridades nacionais considerem o país como o menos competitivo entre outras 48 nações, com a única exceção da Rússia, engessada por 70 anos de economia estatal e hoje sob a dramática crise de uma transição altamente problemática.
O empresariado nacional orgulha-se, e lembra-se com alguma frequência, do grande número de firmas brasileiras que têm obtido o atestado de excelência ISO-9000.
Não se pode descartar o eventual viés da opinião estrangeira sobre o Brasil, um país ainda relativamente pouco e mal conhecido nos ambientes empresariais internacionais. Ademais, o modelo de competitividade implícito na escolha dos três primeiros colocados, Cingapura, Hong Kong e Nova Zelândia, é bastante específico. São pequenos países voltados centralmente para o comércio externo. Trata-se de um modelo pouco aplicável a um país com as dimensões e a diversificação industrial do Brasil.
Mesmo assim, a reprovação do país no relatório do Fórum de Davos vem mais uma vez reforçar a necessidade de modernização de várias estruturas. Os critérios da avaliação foram grau de abertura econômica, características do sistema financeiro, do mercado de trabalho e do setor público, condições de infra-estrutura e instituições políticas e jurídicas.
Ainda que o penúltimo lugar atribuído ao Brasil não corresponda à realidade, centrar esforços nas várias áreas avaliadas pelo Fórum não deixa de ser uma boa pauta para a pretendida agenda de modernização.

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