São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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Planalto participou da operação antiquercista

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A operação montada pelo ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) para derrotar o candidato quercista João Leiva na convenção de domingo do PMDB paulistano teve o aval do Palácio do Planalto.
A articulação anti-Leiva foi executada com o conhecimento prévio do candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra.
Na quarta-feira da semana passada, Santos se reuniu com Serra no Ministério do Planejamento.
Também estavam presentes o vice-líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), e o deputado Alberto Goldman (PMDB-SP), candidato a vice na chapa de José Pinotti.
Na reunião, Santos relatou a Serra que eram grandes as chances de Pinotti vencer a convenção e que viajaria para São Paulo na dia seguinte, quinta-feira, para se dedicar integralmente ao assunto.
Ontem, vitoriosa a operação, a cúpula tucana estava eufórica. Não era diferente no Planalto.
Ataques
Além do objetivo óbvio de enfraquecer o ex-governador Orestes Quércia, a vitória de Pinotti era considerada essencial para o Planalto e para Serra por outro motivo: o horário eleitoral gratuito.
O PSDB tinha informações de que Leiva usaria seu tempo na TV para criticar o governo federal: o principal alvo seria Serra.
Por essa avaliação, Leiva seguiria as orientações de Quércia, que deseja voltar à cena em 98 como um dos maiores opositores de FHC.
Pinotti só obteve a adesão de Santos e dos antiquercistas do PMDB ao seu nome após ter-se comprometido a centrar a campanha em temas municipais, poupando o governo federal.
Ao selar esse compromisso, Pinotti -que nas votações das reformas constitucionais votou com a oposição- conseguiu também a simpatia do Planalto.
Com Leiva fora da disputa e do horário gratuito, Serra e o governo trabalham agora com dois cenários para o PMDB, ambos favoráveis aos objetivos tucanos:
1º) Pinotti, que participou da convenção depois de obter uma liminar na Justiça, se firma mesmo como candidato do PMDB.
Nesse caso, com o grupo quercista enfraquecido, abrem-se as portas para um apoio do partido aos tucanos na hipótese de Serra ir para um eventual segundo turno.
2º) A disputa judicial entre Pinotti e os quercistas cresce, deixando o partido, na prática, sem candidato à prefeitura. Se isso ocorrer, os tucanos contam com o apoio dos antiquercistas ainda no primeiro turno.

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