São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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Palmeiras, Parreira, organizadas, Romário...

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, não restou mais nada a dizer sobre o título do Palmeiras.
Ao vencedor, toda a revelação do silêncio.

No Brasil, ser vice, ser o segundo, é igual a ser nada.
Mas essa lei não escrita de uma sociedade de poucas conquistas ficou imprecisa para o time do São Paulo.
O vice-campeonato paulista saiu muito melhor do que a encomenda e ofereceu a porta do frontispício para a valsa do adeus de Muricy Ramalho como técnico do elenco tricolor.
Não é nada, não é nada, o São Paulo já tem a sua vaga na próxima Copa do Brasil, a supervia de acesso mais rápida para a Libertadores.
O horizonte para Carlos Alberto Parreira, portanto, está sem nuvens.
Será curioso saber se ele mudou a sua maneira de formatar um time de futebol, agora que os três pontos deixaram o jogo mais ofensivo.
Se não mudou, também será interessante ver o contraste de seus pressupostos com a tipologia de atacadura que viçou, para nossa delícia, no fut do patropi.
É excelente profissional, inteligente, bem informado, estudioso do futebol, trabalha na preparação dos jogadores com conceitos modernos, além de ser campeão do mundo.
Mesmo no apogeu das nossas divergências, sempre escrevi que Parreira está bem acima da média dos técnicos brasileiros, e que sua participação na cena institucional do fut local é um avanço.
O fut contemporâneo exige técnicos com conceitos, com idéias claras sobre o que fazer com um time. Técnicos ativos, que tomam a iniciativa de formatar taticamente um time.
A presença de Carlos Alberto Parreira será estimulante para a atual conjuntura do futebol paulista. Pode-se gostar ou não gostar dele -ou de sua filosofia futebolística.
Mas, que há muito o que aprender com ele, há.

Algo me diz que o visto no passaporte do Romário para Atlanta ainda não deveria ser negado. Ainda.

Tempo técnico, mais bolas para os gandulas, exigência de maior rigor nas arbitragens, numeração fixa, diferenciação total dos uniformes.
São conquistas (provadas e aprovadas) que o Campeonato Paulista precisa preservar. Se possível, com novas conquistas para que o fut tenha definitivamente futuro entre nós.

É difícil mesmo entender o equilíbrio da balança da Justiça. A torcida uniformizada do Palmeiras, na minha visão de leigo interessado, foi corretamente proibida de existir.
Mas, a do São Paulo, tão perigosa quanto, não.

Será interessante conferir o futebol em transição da Europa, no campeonato de seleções do Velho Mundo.
Para não dizerem que estou em cima do muro, um bom desempenho de Portugal não me surpreenderia.

E a Argentina, ein? E o Daniel Passarella, passará?

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