São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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Otan dá mais autonomia a europeus

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) decidiram ontem aumentar a atuação dos países europeus que integram a aliança militar, o que permitirá mais agilidade no engajamento em missões de paz.
Reunidos em Berlim, cidade antes dividida pela Guerra Fria, os 16 chanceleres assinaram um acordo que permite que os membros europeus da aliança ocidental liderada pelos EUA lancem suas próprias missões, usando equipamento e instalações da Otan, se Washington concordar em cedê-los.
"Pela primeira vez europeus poderão conduzir suas próprias operações", disse o secretário-geral da aliança, o espanhol Javier Solana.
"Este é um passo decisivo para a construção de uma identidade européia de segurança e defesa."
Os ministros das Relações Exteriores dos países-membros emitiram um comunicado afirmando que as mudanças permitirão mais eficiência em missões como a de apoio ao acordo de paz na Bósnia.
"O acordo de hoje dá a Otan meios de garantir estabilidade em toda a Europa, respondendo com rapidez a crises que podem acontecer, mas que não podem ser previstas", disse o secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher.
Em sua concepção original, o objetivo da aliança era o de responder a alguma agressão dos países do Pacto de Varsóvia, bloco militar do Leste Europeu liderado pela antiga União Soviética.
Os ministros instruíram especialistas militares a acertarem detalhes para colocar o acordo em prática, caso necessário.
Quartéis serão remodelados e devem ser definidos que equipamentos da aliança, como comunicações e transportes, poderão ser usados pelos europeus.
A França, um dos críticos da liderança norte-americana na Otan, também apoiou a iniciativa. "Pela primeira vez na história da aliança, a Europa poderá expressar sua personalidade", disse o chanceler francês, Hervé de Charette.
O governo de Paris abandonou em 1966 o comitê militar da organização, em protesto contra o predomínio dos EUA.
O comunicado dos ministros reafirma o compromisso de abertura da aliança aos antigos inimigos do Pacto de Varsóvia, mas não dá detalhes sobre quais países podem ser admitidos, ou quando isso pode ocorrer.
A Rússia se opõe à expansão da Otan entre seus antigos aliados. O chanceler Ievgueni Primakov deve tratar do assunto hoje em Berlim.
Os ministros também disseram que a saída das tropas da Bósnia não ocorrerá antes de dezembro, deixando em aberto a possibilidade de prolongamento da missão.

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