São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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Negociações

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Ainda é muito cedo para fechar negócio, mas os partidos em São Paulo estão alvoroçados. A decisão virá só no final deste mês, quando vence o prazo para alianças.
Até o dia 30 de junho a cidade de São Paulo será palco de todo tipo de blefe e bravata. Convém não acreditar cegamente no que for dito a respeito de alianças até lá.
Quatro partidos estão no centro desse turbilhão de barganhas: PSDB, PPB, PTB e PMDB. É impossível prever o desfecho. Mas há indicações.
O PSDB, por exemplo, cobiça mais tempo na TV. Para isso, está disposto a fazer muita coisa. José Serra, o candidato, terá de engolir alianças com Romeu Tuma (PSL) ou com Campos Machado (PTB). Em público, os tucanos comemoram a separação com o PFL. Nos bastidores, tentam firmar acordos com partidos de tradição social democrata inexistente.
Desesperado, o PPB espera pelo grande teste de Celso Pitta na TV. Isso deixa os malufistas em pânico. O temor é que o quase gago Pitta seja engolido por Serra. No mais, negocia-se a ajuda, ainda que indireta, do PTB.
O PTB, com sete minutos na TV, espera pela melhor oferta. Numa reunião ontem em São Paulo caciques petebistas não fecharam negócio. Fleury Filho, hoje no PTB, deixou claro que a manutenção da candidatura de Campos Machado favorece Celso (Maluf) Pitta. E que essa pode ser a melhor opção para o PTB.
No PMDB, se a candidatura de José Pinotti vingar mesmo, a idéia é fazer um apoio branco a Serra ainda no primeiro turno. Pinotti permaneceria na disputa e os candidatos a vereador do PMDB seriam liberados para fazer campanha pelo tucano.
Por trás dessa estratégia do PMDB está uma muito bem arquitetada negociação realizada dentro do Palácio do Planalto, em Brasília: fazer Serra prefeito já no primeiro turno.
Isso custará caro aos tucanos.

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