São Paulo, sexta-feira, 7 de junho de 1996
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Pesquisador vê descaso médico

da Agência Folha, em Manaus De cada 100 índios que morreram de janeiro de 93 a outubro de 95 no Brasil, 22,3 não tiveram assistência médica, segundo o médico Rômulo César Sabóia Moura, ex-chefe do departamento de Saúde da Funai.
A falta de assistência médica provocou um "buraco negro" no levantamento das causas das mortes dos índios no período. Todas essas mortes -579 das 2.591 catalogadas- ficaram sem diagnóstico.
Entre as diagnosticadas, as doenças infecciosas e parasitárias foram as que mais mataram. Essas doenças, segundo Moura, são curáveis ou de fácil prevenção.
A malária matou 5,2% dos índios; diarréias, 8,7% e infecções respiratórias, 12,3%.
"Os índios morrem mais de doenças infecciosas e parasitárias do que os brancos porque estão menos assistidos pela sistema oficial de saúde", afirmou.
As mortes por doenças degenerativas (como infartos, derrames e diabetes), mais comuns em pessoas idosas, atingiram apenas 6,9% do total. Isso, segundo ele, é outro dado que mostra como os índios estão a morrer antes de envelhecer.
Moura, que trabalha diretamente com índios desde 87, afirma em seu relatório que a situação do índio brasileiro pode ser revertida com medidas "simples" de saúde pública. Ele receita a demarcação das terras indígenas e a presença de agentes de saúde nas aldeias.

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