São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996
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Campanha pede comida e roupa para policiais do MS

MYRIAN VIOLETA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Uma campanha da Associação das Esposas de Cabos, Soldados e Dependentes de Policiais e Bombeiros Militares do Mato Grosso do Sul está pedindo roupas e comida para as famílias dos PMs.
O objetivo da campanha -intitulada "Doe agasalho e alimento para a família de um PM"- é beneficiar as famílias de pelo menos 1.500 dos 3.500 cabos e soldados do Estado.
Segundo Maria Valdira Rodrigues, 27, diretora da associação, a campanha é motivada pelos baixos salários e pelos constantes atrasos no pagamento.
A Secretaria das Finanças do Estado informou que não há previsão para o pagamento dos salários da Polícia Militar neste mês. No mês passado, os salários foram pagos com mais de 20 dias de atraso.
"Começamos a visitar e cadastrar as famílias mais necessitadas. Também estamos buscando doações nas casas das pessoas que não podem trazê-las até a associação", afirmou Rodrigues.
Até sexta-feira, último dia da campanha, a associação pretende montar um posto de arrecadação no centro da cidade.
"A campanha é necessária. Temos policiais morando em favelas. Com nossos salários, não temos condições de comprar roupas de frio. De que adianta dizer que somos policiais de elite, enquanto nossos filhos passam fome em casa?", disse Gilberto dos Santos, 31, diretor da Associação dos Cabos, Soldados e Bombeiros do Estado.
Para Santos, a polícia é um espelho da situação do Estado. "Não há como tapar o sol com a peneira", afirmou.
Governo
Para o secretário estadual da Segurança Pública, Joaquim D'Assunção Felipe de Souza, 60, a campanha é "constrangedora".
Segundo ele, o governo reconhece que são "indignos" os salários pagos à polícia no Estado, mas disse haver outros servidores no quadro do serviço público ganhando menos que o policial.
"É uma preocupação do governador aumentar os salários, mas agora não há condições. Talvez, daqui a três meses. Mesmo assim, os baixos salários não justificam a ação de alguns policiais que usam isso para cometer delitos", declarou o secretário.
Segundo Souza, um major da Polícia Militar foi preso há duas semanas por tráfico de cocaína e outros dois policiais, na semana passada, por assaltar pessoas na rua usando a farda.

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