São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996
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Laboratório é condenado por exame de Aids errado

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça condenou o laboratório Quaglia, de São José dos Campos, a indenizar uma paciente por erro de diagnóstico de HIV. Segundo a advogada Liliana Prinzivalli, que entrou com a ação, trata-se de uma sentença inédita no país.
O advogado José Eduardo Pires Mendonça, que defende o laboratório, disse que já entrou com recurso. Pela sentença, o Quaglia terá de pagar 500 salários mínimos (R$ 56 mil) por danos morais, além das perdas materiais.
Em março de 95, a pedagoga Glaucia Gomes José, 36, fez uma série de exames no laboratório Quaglia. Mãe de dois filhos e divorciada, ela pretendia ter um terceiro filho com o atual companheiro. O exame de HIV deu positivo. "Durante um mês, vivi como uma aidética, pensando em me matar", conta.
Glaucia foi encaminhada para um especialista de São Paulo que pediu novos exames. Todos deram negativo. Até descobrir que não tinha Aids, Glaucia diz que viveu em desespero. Acabou rompendo com o companheiro, perdeu o posto de chefia no trabalho e os filhos quase abandonam a escola.
"Todos os meus sonhos foram destruídos. Até hoje vivo chorando. Tive que vender um apartamento para pagar dívidas."
A ação foi movida também contra o laboratório Fleury, de São Paulo, pois as amostras coletadas em São José dos Campos (97 km a nordeste de São Paulo) são examinadas por esse laboratório.
Na Justiça, a direção do Fleury provou que a amostra recebida estava de fato contaminada. "Se houve falha foi durante a coleta ou a separação do material", disse Ewaldo Russo, diretor do Fleury.
É provável que tenha ocorrido uma troca de amostras. Nesse caso, outro paciente do laboratório Quaglia está com HIV e não sabe.

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