São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996 |
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Som pauleira para letras "evangélicas"
SYLVIA COLOMBO
Nada de arranjos complicados, refrões fáceis, baladas ou teclados. A artilharia está centrada no power trio tradicional (guitarra/baixo/bateria). E o bombardeio é um só, do início ao fim do CD, o baixo pontua a percussão enfurecida e a guitarra, discreta, não se perde em solos virtuosísticos nem se descola da pancadaria homogênea. O Shelter representa o lado menos pop do novo punk americano, encabeçado por bandas como o Offspring. O disco "Mantra", o mais novo álbum da banda -o quarto de sua carreira-, lançado no Brasil pela Roadrunner, traz vários capítulos do "evangelho" do Shelter. Um manifesto de Ray Cappo (o vocalista) abre o livreto de letras explicando como todos podem solucionar os problemas do mundo, literalmente no grito. "If we scream for change, we must be willing to make the change" ("se gritarmos por mudança, poderemos fazer a mudança"). A partir daí, desfilam as letras e as lições: tiros contra a TV, contra o homem que destrói a natureza e contra o sexo fácil. A música de trabalho, "Here We Go", apela para alguns elementos pop -melodia simples, refrão repetido- que lhe valeram espaço no rádio e na MTV. No primeiro verso, o mandamento: sexo só com amor ("just see he uses love for sex and sure she uses sex for love...") Na faixa "Not The Flesh", é marcante a influência do rap e do hip hop, estilos que servem ao Shelter para transmitir suas letras em tom de pregação e não de forma melódica, além de reforçar com o jogo de palavras os seus gritos de ordem. Cânticos Hare Krishna comparecem ao longo das faixas, como introduções ou sutis backing vocals. O disco termina com uma versão encorpada de "We Can Work it Out", dos Beatles, livrando-a do lirismo e travestindo a repetição psicodélica em punk rock. Disco: Mantra Com: Shelter Lançamento: Roadrunner Quanto: R$ 20 (o CD, em média) Texto Anterior: Banda inspirou straight edge Próximo Texto: Straits quer ser algo mais que o rock Índice |
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