São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996
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Straits quer ser algo mais que o rock

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

As cartas de leitores se acumulam (ainda bem), e está na hora de botar a correspondência em dia. Vamos lá.
Educadamente, o Reinaldo Rodrigues, de São Paulo (SP), reclama de eu ter colocado o Frank Zappa no "eject". Ele diz que meus argumentos são fracos.
Olha, Reinaldo, essa fórmula de "play", "pause" e "eject" acaba sendo meio idiossincrática mesmo. E, aí, a argumentação derrapa. Aos poucos, espero ser mais sintético e menos opinionístico.
A Débora Jacó, de Guarulhos (SP), concorda comigo que "é difícil sentir algum interesse por bandas como Pulp, Blur e Oasis", mas não se conforma de eu achar os Dire Straits chatos.
Débora, o problema é que os Straits representam tudo aquilo que eu sempre abominei: a pretensão, aquela coisa que tenta ser algo mais que rock, mas ao mesmo tempo não tem sofisticação para almejar um estágio mais alto de "arte".
Essa resposta vale também para o Juliano Pinto, de 16 anos (São Paulo, SP), que achou "malvado" meu texto sobre o Mark Knopfler, ex-líder do Dire Straits.
Pessimismo
A minha quase contemporânea Antonieta Bastos (30 anos), de São Paulo (SP), anda desanimada com a cena pop, que julga um "marasmo".
Acha que os adolescentes de hoje "parecem abobalhados", sufocados por cultura descartável. Finalmente descobri alguém mais pessimista do que eu!
O Fábio Torres, de 16 anos (São Paulo, SP), opina que não tem cabimento eu recomendar CDs de Franck Black e Unsane, dos quais ele nunca ouviu nada.
Fábio, a coluna existe para isso: falar também de gente desconhecida. Não é legal? Você lê sobre o Unsane, compra o CD e pode acabar gostando!
O Luciano Sanches, de 21 anos (São Paulo, SP), me acha "caretíssimo" e manda um abraço para toda a equipe do Folhateen, menos para mim. Paciência.
Falta de ídolos
A Paula de Sena, de 20 anos (São José do Rio Preto, SP), começa a carta bem ("querido Álvaro"), mas reclama de eu ter cobrado que, hoje em dia, faltam ídolos ao rock. Ela não aceita que alguém precise de ídolos.
Paula, chega uma hora na vida em que esses ídolos têm só valor simbólico, distante. Não que a gente precise mesmo deles.
É só de mentirinha, para poder acreditar em alguma coisa.
Daqui a 13 anos a gente conversa.

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