São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996
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China solta dissidente após 7 anos

Ren ficou cinco horas em casa

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Foi libertado ontem na China o dissidente Ren Wanding, um dos mais antigos do país, que ficou sete anos preso por sua atuação nos protestos pró-democracia de 1989.
Ren, 51, chegou a sua casa em um subúrbio de Pequim às 2h (15h de sábado no Brasil). Segundo sua mulher, ele partiu cinco horas depois com um parente para o balneário de Dalian.
Pouco antes, ela dissera à agência de notícias "Reuter" que Ren foi levado pela polícia para um local não-especificado no norte do país.
Questionada sobre a mudança no relato, a mulher de Ren, Zhang Fengying, afirmou: "Não me lembro de ter dito isso...não dormi a noite inteira".
Ren teve seus direitos políticos cassados por três anos e não pode sair de Pequim sem a autorização da polícia.
Ele também não pode falar com repórteres estrangeiros, e seus amigos foram advertidos pela polícia a ficarem longe de sua casa, fortemente vigiada.
Pena
Ren foi condenado a sete anos de prisão por acusar o governo de Pequim de violação de direitos humanos e por pedir liberdade para presos políticos durante as manifestações estudantis que foram violentamente reprimidas pela polícia, em 4 de junho de 1989.
Antes, fora detido em 1979, quando pregava cartazes em Pequim, e condenado a quatro anos de prisão.
Começou sua atividade política em 1978, como fundador do grupo Liga de Direitos Humanos da China, que desapareceu poucos meses depois, com a prisão da maioria de seus integrantes.
Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que Ren sofreu de catarata e outras doenças durante o cumprimento de sua pena.
"Ele está fraco, mas parece estar bem de saúde", disse sua mulher.
Dissidentes
A libertação de Ren vem em seguida à de outros dois opositores do regime chinês.
Zhang Xianliang foi libertado na quinta-feira, depois de ter ficado detido por mais de três anos.
Seu crime foi dar entrevistas a jornalistas estrangeiros, pedindo a libertação dos detidos em consequência dos protestos na praça Tiananmen.
Bao Tong, o mais alto funcionário do governo preso em consequência das manifestações, foi detido uma semana antes da repressão ao protesto e libertado no dia 27 do mês passado.
Ele foi imediatamente colocado em prisão domiciliar em uma instalação do governo nos arredores de Pequim. Parentes que desejam visitá-lo têm de ser levados ao local pela polícia.
Bao era assessor do chefe do Partido Comunista Zhao Ziyang, derrubado em consequência de sua postura conciliatória em relação ao protesto estudantil de 1989.
Ele foi condenado por vazamento de segredos de Estado e incitamento contra-revolucionário.

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