São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 1996 |
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Português Rui Chafes cria corpos e armas Exposição é a estréia do artista portugês no Brasil CELSO FIORAVANTE
O título da mostra "Sombras que não são Sombras" traz em si o estigma fatalista que norteia sua produção. Chafes já disse: "Não acredito no objeto, nem na nomeação do objeto, mas na esperança do objeto". Seus quatro trabalhos em ferro são como objetos orgânicos, com referências à natureza e ao corpo humano. É possível ver neles partes do corpo (tórax, corações, testítulos; como ex-votos de um peregrino sem esperança); instrumentos de ataque e de defesa (lanças, espadas, elmos, viseiras, armaduras) de um cavaleiro sem território; instrumentos de tortura de uma inquisição sem causa. "Cada pessoa vê uma coisa e elas nunca são o que parecem", disse. São esculturas violentas e voluptuosas, que perturbam e seduzem. Reúnem linhas e ritmos da natureza com rigor formal e meticuloso perfeccionismo técnico. São corpos híbridos, misteriosos, vazios, sem tempo ou lugar, objetos que atacam e se defendem. Segundo o artista, são "tensões, equilíbrios, simetrias, organizados segundo uma lógica da violência: guerra, agressão, tortura, aprisionamento". Rui Chafes é um dos grandes nomes das artes contemporâneas portuguesas pós-abertura política de 1974. Representou o país na última Bienal de Veneza, e forma -junto com Pedro Cabrita Reis e José Pedro Croft- a trindade das novas artes portuguesas. (CF) Texto Anterior: Tunga mostra encontro como imersão Próximo Texto: Pasta reverencia tempo da pintura Índice |
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