São Paulo, quinta-feira, 13 de junho de 1996
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Selvageria no BB

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O presidente do Banco do Brasil, Paulo César Ximenes, aparece, orgulhoso, em anúncios na TV prometendo que o banco, o maior do Brasil, será também o melhor.
Pode ser, mas, antes, será preciso alterar radicalmente a política de recursos (des)humanos que está sendo adotada.
O BB instituiu um clima interno de terror, descarregando sobre os funcionários as falhas de gestão responsáveis pelo volumoso prejuízo da instituição. Já relatei, neste espaço, o fato de 14 funcionários do BB terem se suicidado, só em 1994, em função do ambiente criado.
Agora, a selvageria prossegue. Só no Estado de São Paulo e só esta semana, 90 funcionários foram transferidos compulsoriamente de suas cidades de origem, a maioria para a capital.
Há casos como o de uma funcionária com 20 anos de casa, concursada, lotada em São José do Rio Preto, que foi avisada ontem que já está transferida e tem que assumir segunda-feira seu novo posto, em uma agência da capital, a 450 km de distância.
Tem 11 anos de residência em Rio Preto, todos a serviço do BB, marido estabelecido na cidade, casa própria e dois filhos, ambos em idade escolar e obviamente no meio do ano letivo.
De repente, a vida de toda uma família é desmontada pelo patrão, sem que o banco nem sequer abra o diálogo ou permita que se discutam alternativas. Suponho que o drama seja idêntico, se não pior, nos demais 89 casos.
O Sindicato dos Bancários está cansado de protestar contra o terrorismo. Repete agora o protesto, informando que "o banco só tem autonomia para transferir 'ex-oficio' (compulsoriamente) os funcionários detentores de comissão a nível de administração", o que não é o caso da maioria das 90 vítimas recentes.
Se é assim que o governo dito social-democrata quer fazer a reforma do Estado, sugiro que contrate o general Augusto Pinochet como consultor.

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