São Paulo, quinta-feira, 13 de junho de 1996
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Operação segura-Jatene

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Fernando Henrique Cardoso deu início ontem a uma operação segura-Jatene.
Tudo para garantir que o ministro da Saúde, Adib Jatene, não abandone o cargo no caso de a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) sucumbir na Câmara -o que parece muito provável.
A declaração pública de FHC, ao lado de Jatene, não deixa dúvidas:
"Vamos votar a CPMF (...), vou me empenhar a fundo para ganhar. Se perder, não perdemos nós dois, não. Perde é o povo do Brasil, que vai ficar numa situação de dificuldades, e quem vai assumir a responsabilidade são os que votaram contra".
Por que FHC deseja manter no ministério alguém que só reclama e pede mais dinheiro para sua pasta? A resposta é complexa, como gosta de falar o presidente. É melhor dividi-la em tópicos:
1) FHC acha que mudar o ministério é sempre ruim. Gera noticiário negativo, na maioria dos casos. Além disso, contribui para reforçar a imagem de instabilidade que se tem do país no exterior;
2) A mudança ministerial de maior envergadura está preparada para depois das eleições municipais de outubro. Será um ministério com um perfil mais obreiro. É claro que o governo tucano preferiria ter já esse pessoal mais trabalhador. Mas um novo ministro pode demorar alguns meses para entrar em velocidade de cruzeiro. E mudanças agora seriam um risco de paralisação do governo às vésperas de uma eleição vital;
3) FHC considera Jatene um dos mais leais ministros da Saúde com quem conviveu. Outros, quando FHC era ministro da Fazenda, ficavam reclamando e nada propunham. Jatene, pelo menos, veio com a CPMF;
4) Faltam quadros para FHC mexer no ministério agora. É comum o presidente comentar com seus assessores mais próximos que não tem opções para promover substituições.
Em resumo, FHC já prevê uma derrota na CPMF. Mas não quer ficar -agora- sem ministro da Saúde.

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