São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996 |
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A verdadeira batalha
FERNANDO RODRIGUES Brasília - As sucessivas derrotas do governo na votação dos destaques da emenda da Previdência não causam o menor pesar no Palácio do Planalto.Existe, isto sim, até uma impaciência com a lentidão com que as derrotas ocorrem. "Vamos perder isso logo de uma vez", disse um alto assessor do presidente Fernando Henrique Cardoso a um líder governista. Antes que o leitor imagine existir uma quinta coluna ao lado de FHC, é bom deixar claro que não se trata disso. Há apenas uma mudança tática na condução das reformas. FHC está convencido de que a única forma de aprovar alguma coisa de relevância no Congresso, agora que os parlamentares aprenderam o caminho das pedras da barganha, é acabar com a farra dos DVS. O DVS (Destaque para Votação em Separado) foi criado para defender a idéia das minorias, o que é muito justo. Só que transformou-se, na Câmara, no maior mecanismo de obstrução das oposições contra o governo. Bastam 51 deputados para apresentar infinitos DVS. A cada destaque, numa reforma constitucional, o governo precisa de 308 votos a favor. Uma enormidade, às vezes por causa de detalhes prosaicos de redação. Acabar com o DVS seria antidemocrático. Deixá-lo como está também não é o melhor para o país. Por tudo isso, ao governo FHC interessa acabar logo com a votação da Previdência na Câmara. É uma reforma considerada perdida. Terá de ser consertada no Senado. Não adianta perder tempo com os DVS. Daí, a frase do assessor presidencial: "Vamos perder isso logo". Assim, quando a Previdência caminhar para o Senado, o governo FHC priorizará na Câmara o debate sobre os DVS. A FHC interessa instituir um limite. As oposições vão chiar. Dentro do Planalto é consenso que, sem mudar os DVS, nada mais vai andar no Congresso. Será uma batalha de vida ou morte. Vida ou morte para as reformas. Texto Anterior: Quando gente apodrece Próximo Texto: A guerra não acabou Índice |
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