São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 1996
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Mário Covas na corte de Saint James

RUBENS A. BARBOSA

Um dos principais aspectos da globalização da economia mundial é o acirramento da competição por capitais, por tecnologia, por investimento direto entre os países e entre os agentes econômicos.
O esforço de países e de empresas para atrair interesse da comunidade internacional para as oportunidades de negócios e de investimentos é hoje uma rotina no cotidiano das relações externas. O Brasil não é o único país que está implementando um importante programa de privatizações: a Índia, a China e uma série de outros países lutam por oferecer condições suficientemente satisfatórias para conquistar novos sócios. Por outro lado, os recursos disponíveis no mundo não são ilimitados e buscam sempre as melhores condições de rentabilidade e estabilidade política e econômica.
Nesse contexto é que se realizou a primeira viagem ao exterior de Mário Covas como governador do mais importante Estado da Federação.
A escolha de Londres para dar início à divulgação no exterior das oportunidades de parceria industrial e de investimento, que o programa de privatização em curso oferece, foi uma decisão estratégica de longo alcance.
Além de centro de formação da opinião pública, Londres hoje é o principal mercado financeiro da Europa e um grande centro de operação para montagem de negócios internacionais. Ao Brasil e a São Paulo, em particular, interessa diversificar ainda mais suas áreas de articulação externa, complementando a presença de empresas norte-americanas. A cooperação com empresas européias e asiáticas, assim, é a alternativa natural.
O governador Mário Covas e sua comitiva de secretários de Estado utilizaram seus três dias de visita oficial ao Reino Unido para encontros com autoridades britânicas, visitas ao porto de Tilbury e ao metrô, mas sobretudo para participar do seminário "Oportunidades de Investimento e de Parceria com São Paulo". O encontro, que contou com a presença de mais de 150 empresas, propiciou a divulgação, por meios modernos de comunicação (CD-ROM), das possibilidades de cooperação e permitiu contatos diretos e reuniões específicas para exame de projetos concretos com empresas britânicas.
Os resultados dessa primeira saída em busca de renovada e ampliada cooperação externa, do meu ponto de vista, como representante do governo brasileiro na corte de Saint James, foram bastante encorajadores.
Um grande número de empresas novas, isto é, que até aqui nunca se interessaram pelo nosso mercado, estiveram presentes; todos os setores do programa de privatização apresentado (energia, transportes, transportes urbanos) despertaram atenção, tendo havido conversações concretas em relação ao projeto do gás natural da Bolívia, portos de São Sebastião e Santos, linha 4 do metrô, centrais hidrelétricas, construção de grande centro de convenções em São Paulo.
A visita de Mário Covas à Inglaterra ajudou a reforçar a posição de São Paulo no mapa europeu das grandes oportunidades de investimento em um mundo crescentemente competitivo e globalizado. Abriu perspectivas de cooperação com empresas britânicas em setores em rápida transformação em decorrência do programa de privatização. Ampliou espaço para pequenas e médias empresas paulistas que passam também a dispor, no mercado da Grã-Bretanha, de potenciais parceiros comerciais, com expressiva capacitação tecnológica.

Rubens Antonio Barbosa, 56, é embaixador do Brasil em Londres (Reino Unido). Foi presidente do Comitê de Representantes da Associação Latino-Americana de Integração (1991-92) e coordenador da Seção Brasileira para o Mercosul (1991-93).

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