São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996
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Ziuganov não quer vencer

JAYME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL

Proposta de governo de coalizão às vésperas da eleição soa como reconhecimento de derrota. Sem viagens ou comícios, Guennadi Ziuganov parece se esforçar para evitar que os neocomunistas consigam uma vitória a 3 de julho.
Explicação para a passividade da campanha: Ziuganov avaliaria que os neocomunistas não teriam condições de governar o país. Faltariam, no bloco "popular-patriótico", pessoas com experiência administrativa, já que a maioria dos ex-dirigentes comunistas se converteu em capitalistas-ieltsinistas.
Outra hipótese: Ziuganov sabe que vitória nas urnas não garante o poder. Num país sem tradição democrática, o governo poderia tentar fraude ou buscar desculpa para anular o pleito.
A liderança do antes aguerrido bloco, que prometia varrer do mapa o "governo ieltsinista de ocupação", baixou o tom das críticas. Poderia ser também uma tentativa de vender uma imagem de moderação.
Mas a estratégia parece mais de derrotismo. Ziuganov aceitou, por exemplo, o segundo turno em 3 de julho, uma data que favorece a candidatura de Ieltsin.
A eleição numa quarta tende a aumentar a taxa de comparecimento. A estratégia favorece Ieltsin, pois seu eleitorado é menos disciplinado e militante do que o de Ziuganov.
(JS)

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