São Paulo, sexta-feira, 28 de junho de 1996
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Gravação pode mudar rumo da investigação das mortes

Namorada de PC ligou 3 vezes para dentista na noite do crime

DA REPORTAGEM LOCAL; DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Federal e a Polícia Civil de Alagoas informaram ontem que vão requisitar para análise técnica as gravações com mensagens supostamente deixadas por Suzana Marcolino, namorada de Paulo César Farias, no serviço de caixa postal do telefone celular de um dentista de Santo André, que só teve o primeiro nome revelado: Fernando.
"Espero um dia encontrar você, nem que seja na eternidade, em algum lugar...", supostamente afirma Suzana, na gravação.
O delegado Naief Saad Neto, do 30º DP, recebeu ontem, às 15h, a fita da secretária eletrônica do telefone celular do dentista. O dentista foi ao distrito policial aconselhado por um amigo seu que conhecia também o delegado.
Na fita, segundo o delegado, haviam três ligações feitas por Suzana. A primeira ligação teria ocorrido às 3h54 -o horário foi registrado pela caixa postal da Telesp. Suzana apareceria sussurrando no telefone, e seria possível ouvir uma voz ao fundo falando com ela. Não é possível identificar se a voz é de PC. "Essa voz diz: 'que você está fazendo, te arruma'. Depois, ela desliga o telefone", disse o delegado.
Na segunda ligação, Suzana teria deixado um recado de amor para o dentista no mesmo teor do terceiro recado, deixado três minutos depois, às 5h01.
Segundo o delegado, o dentista disse-lhe que Suzana havia ido ao seu consultório na quinta-feira passada. Na noite de sexta-feira, os dois teriam se encontrado novamente e ido a um restaurante.
O delegado afirmou que pretende enviar a fita para o Instituto de Criminalística de São Paulo para análise.
Chelotti
O diretor-geral da Polícia Federal, Vicente Chelotti, afirmou que solicitou ontem à noite à Rede Globo uma cópia da fita divulgada no "Jornal Nacional". Ele acredita que um exame magnético de voz poderá ser "uma ótima pista" para verificar se havia outras pessoas falando enquanto Suzana Marcolino conversava ao telefone.
"Se a gravação captou a voz de mais alguém isso poderá indicar se o PC Farias estava vivo ou morto", disse Chelotti à Folha .
O diretor-geral da Polícia Federal não sabia da existência da gravação. "Isso me surpreendeu muito", disse Chelotti.
Ele afirmou que pedirá a realização do exame com urgência e, em seguida, o enviará à polícia de Alagoas.
O delegado Cícero Torres, que preside o inquérito em Maceió, afirmou que vai requisitar a fita, para checar se a voz é realmente de Suzana Marcolino.
Ele quer que a fita passe a ser peça do inquérito, mas foi cauteloso. "Não quero fazer avaliações precipitadas sobre o grau de importância da fita nas investigações."

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