São Paulo, sábado, 29 de junho de 1996
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Mancha indica alteração nos dois corpos

WILLIAM FRANÇA

WILLIAM FRANÇA; LUIZ CAVERSAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em Maceió, ganha corpo versão de que namorada de PC foi executada após matar o empresário

LUIZ CAVERSAN
Fotos do quarto onde estavam o empresário Paulo César Farias, o PC, e sua namorada, Suzana Marcolino, feitas pela perícia, indicam possíveis alterações na cena do crime.
A Folha apurou ontem que, numa das fotos feitas do colchão -já sem os corpos de PC e da namorada-, aparece uma mancha de sangue de cerca de 70 cm de diâmetro.
A mancha está localizada na parte superior do colchão. Sobre ela não estavam nem PC nem Suzana.
A mancha sugere, por exemplo, que um dos dois corpos tenha sido removido do local depois de baleado.
Os peritos da Unicamp (Universidade de Campinas), que chegam amanhã a Maceió, vão ter de se basear nessas imagens para investigar esse detalhe, já que o colchão foi queimado pela família de PC.
A família alega que havia mau cheiro e que obteve autorização da polícia para isso.
Em outras duas fotos em que aparece a parte do corpo de PC atingida pelo tiro -mamilo esquerdo-, também há indícios de que a cena do crime foi alterada.
Em uma delas, são evidentes os vestígios de sangue em torno da perfuração. Em outra, a área está limpa.
Versões
Durante a madrugada de domingo, a namorada de PC Farias usa seu telefone celular para conversar com o dentista Fernando Colleoni em São Paulo.
PC está no outro cômodo da casa da praia de Guaxuma, em Maceió. Suzana liga mais de uma vez para e deixar recados amorosos na caixa postal do celular do Fernando. Numa das vezes em que está falando, PC acorda, fica irritado com a namorada, os dois brigam.
Durante a discussão, PC acaba agredindo Suzana, ferindo-a no rosto. Suzana pega o revólver calibre 38 na bolsa e o mata.
Esta é a versão que circula com maior intensidade em Maceió sobre a noite da morte do tesoureiro da campanha de Collor e artífice do Collorgate.
Desdobramentos
Para esta versão, admitida reservadamente por autoridades envolvidas nas investigações, há dois desdobramentos possíveis:
1. Os seguranças da casa ouviram o disparo, bateram na porta, mas Suzana não abriu. Eles arrombaram a janela, entraram no quarto, um deles rendeu Suzana, o outro constatou que PC estava morto.
Ligou para alguém de fora da casa e esta pessoas determinou que Suzana fosse morta. O segurança coloca-a na cama e atira de bem perto e arma a cena.
2. Os seguranças da casa ouvem o tiro, invadem a casa pela janela, constatam que PC está morto, atiram em Suzana e ligam para alguém de fora da casa, que manda os seguranças armarem a cena como se fora homicídio seguido de suicídio.
Telefonema
As opiniões quanto a quem recebeu o telefonema, antes ou depois da morte, dividem-se em duas correntes.
Uma delas acredita que quem orientou os seguranças da casa foi seu coordenador, Flávia de Almeida Jr. Flávio, policial militar licenciado, é considerado suspeito na sua própria corporação.
A outra corrente, embora mais cautelosa, garante que foi o próprio irmão de PC, Augusto, quem orientou os seguranças.

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