São Paulo, sábado, 29 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC resolve impasse dos juros

BRUNO BLECHER
EDITOR DO AGROFOLHA

No jogo de braço entre os Ministérios da Fazenda e da Agricultura para definir o plano de safra prevaleceu, desta vez, os interesses da área agrícola.
O maior impasse, segundo apurou a Folha, foi resolvido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
O Ministério da Fazenda defendia, para os financiamentos agrícolas, uma taxa de juros de 14% ao ano, enquanto a Agricultura reivindicava juros ao redor de 10% ao ano.
O presidente bateu o martelo em 12% ao ano.
A diferença entre o custo de captação do dinheiro pelo banco e os 12% que os produtores rurais vão pagar pelos financiamentos será coberta pelo Tesouro Nacional.
A equalização (subsídio) de juros vai custar aos cofres públicos cerca de R$ 1,5 bilhão, incluindo-se também nesse valor os custos da política de preços mínimos.
O volume de recursos destinados ao crédito rural, R$ 5,2 bilhões, é bem maior do que o liberado na safra passada (R$ 3,7 bilhões).
A grande questão é saber se os R$ 5,2 bilhões serão suficientes.
"Com juros baixos, a demanda por crédito agrícola deve crescer", lembra um técnico do Ministério da Agricultura.
E, neste caso, a tendência dos bancos é fugir dos produtores que oferecem risco.
Ou seja, quem mais precisa do empréstimo, acaba ficando sem o dinheiro.
A expectativa do governo para a nova safra, de 80 milhões de toneladas, pode ser alcançada sem dificuldades, se o clima ajudar.
A tendência dos preços agrícolas no mercado internacional continua favorável, principalmente para soja e milho.
Não há riscos, portanto, para uma boa colheita.
Outra medida positiva do plano de safra foi o programa para agricultura familiar, que contará com recursos de R$ 1 bilhão e juros de apenas 9% ao ano para o custeio do plantio.
Manter os pequenos agricultores no campo, evitando que eles engrossem o cinturão de miséria nas grandes cidades, é uma política social mais eficiente e barata.
A novidade do pacote foi o pré-custeio, um adiantamento que permitirá aos agricultores antecipar a compra de insumos e fugir da época de pico de preços.

Texto Anterior: FHC rebate críticas em discurso otimista
Próximo Texto: Medidas são insuficientes
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.