São Paulo, sábado, 29 de junho de 1996
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E os canarinhos viajam sem o gavião Romário

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, lá vão alçar vôo os canarinhos sem o gavião Romário, que fica no terreiro da Gávea.
Como já escrevi, sou contra a inclusão de jogadores acima de 23 anos nos Jogos Olímpicos. Já existe a Copa do Mundo para os marmanjos.
E deveria haver o torneio mundial para o fino da bossa da teenbolada.
Mas, como a Fifa manda no futebol e quer aumentar o interesse pela modalidade na Olimpíada, abriu a possibilidade de jogadores acima de 23 anos participarem do torneio.
Assim, as seleções podem levar a suas principais estrelas, aumentando as atrações de bilheteria do evento (mais interesse, mais verba publicitária, mais investimentos etc.).
Mas, já que a possibilidade existe, ela deveria ser bem explorada pelos treinadores.
O velho Lobo do fut Zagallo afirma que não convoca Romário basicamente por duas razões: a) a disciplinar, por que ele é desobediente e má influência sobre os jogadores; e b) por que ele não participa do esquema de jogo, não auxiliando na marcação dos jogadores do time adversário.
Pois bem, ponha, no outro prato da balança, os lados positivos do Romário: a) está em forma, e estando em forma, é o melhor finalizador do mundo, frio e preciso; b) sua simples presença em campo obriga os técnicos adversários a preparem um outro esquema tático de jogo para as respectivas seleções e c) a simples presença de Romário intimida as defesas adversárias que, em Olimpíada, deverão ser integradas por jogadores novatos.
Agora, honesta e desapaixonadamente, me diga, para que lado pende a balança?
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Bem, já que o Romário não vai, o velho Lobo, pelo menos, teve sensibilidade para convocar quatro atacantes.
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Futebol é 10% talento e 90% dedicação. Mas, mesmo quando é dedicação pura, o futebol pode ser puro talento, como mostraram ingleses e alemães.
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Você sabia que até 1871, em um jogo de futebol, nenhum jogador podia tocar a mão na bola, inclusive o goleiro?
Você sabia que os jogadores de futebol só passaram a usar números em suas camisas em 1939, e, no Brasil, só uma década depois?
Essas e outras informações você encontrará na divertida e informativa versão esportiva de "O Guia dos Curiosos", que o Marcelo Duarte e a Companhia das Letras estão lançando.
Como eu venho escrevendo, a literatura sobre esporte, felizmente, vem crescendo nas estantes brasileiras.
Esporte também comporta papo cabeça, moçadinha, e não só aquele tipo de papo cabeça no qual o Jardel, do Grêmio, é grande especialista.
*
Já que estamos com a bola no pé e cabeça nos guias, aproveito para sugerir, a aqueles que vão a Atlanta, o guia "Official Guide to Atlanta and the Olympic Summer Games", para ninguém ficar perdido na cidade dos jogos.
Antes que eu me esqueça, nos EUA, as nossas Olimpíadas são chamadas de Olimpíadas de Verão, porque no hemisfério Norte também se jogam a as Olimpíadas de Inverno.

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