São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Diolinda quer mulheres no MST

DENISE MOTA
DA REPORTAGEM LOCAL

As mulheres sem terra vão buscar aliadas fora do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) para unir a luta agrária à discussão da condição feminina dentro e fora dos acampamentos.
O Conselho Nacional de Mulheres Sem Terra, criado há um mês, é encabeçado por Diolinda Alves de Souza, 26, líder dos sem-terra no Pontal do Paranapanema (SP).
"Queremos caracterizar a mulher como símbolo do desenvolvimento rural. Para isso, vamos nos envolver em outros movimentos femininos", diz Diolinda. Discriminação
Segundo ela, as mulheres sem terra ainda têm suas atividades restritas ao trabalho no campo e nas escolas.
"Elas não são vistas como coordenadoras porque ainda são minoria nos acampamentos. Agora é que começamos a ter espaço".
Ela cita como exemplo das mudanças o MST do Ceará, dirigido pela sem-terra Fátima Ribeiro."Queremos um maior número de mulheres liderando, tomando decisões juntamente com os homens."
Virgindade
Na estrutura familiar dos sem-terra, o conservadorismo também continua grande.
Segundo pesquisa Datafolha, 73% dos sem-terra consideram muito importante a virgindade feminina antes do casamento.
Para Diolinda, o resultado reflete a falta de informação dos acampados.
"É por isso que criamos um setor à margem do MST para tratar da mulher. Existe uma cultura ainda muito antiga no meio rural. Isso tem de mudar", diz.
Uma das primeiras metas do conselho de mulheres é discutir o controle de natalidade.

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