São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
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Voto é excessivo e específico

IGOR GIELOW

em Genebra
Para Alexander Trechsel, da Universidade de Genebra, um dos principais motivos da baixa participação nas eleições é o excesso e a especificidade das votações suíças.
Há três semanas, na última votação ocorrida no país, cada cantão tinha suas prioridades locais para serem votadas junto a dois referendos sobre o governo federal (um sobre agricultura e outro sobre reforma administrativa).
Em Zurique, foi rejeitado um projeto facilitando naturalização de estrangeiros. Em Soleure, os eleitores aprovaram lei flexibilizando horário de restaurantes. Medida semelhante, relativa a lojas de departamentos, foi rejeitada em Freiburg.
Já as mulheres de Argóvia poderão entrar no Corpo de Bombeiros local, foi definido.
Jura negou direito a estrangeiros de concorrer a cargos eletivos e Neuchâtel viu seu museu arqueológico aprovado -porém, um projeto com orçamento inferior ao original, proposto paralelamente na cédula eleitoral.
"Isso dá uma idéia da quantidade de temas. Porém, se o que for votado não afetar o cidadão, qual o mal de ele ficar em casa?", diz.
Dois cachorros
A importância dos temas e a polêmica sobre eles varia.
Só em 1971 foi feita uma votação federal para permitir o voto feminino. Em Appenzell Innerrhoden, a proibição ficou valendo até uma segunda votação, em 1991.
O referendo sobre a entrada na União Européia, que manteve a Suíça como país neutro no centro da Europa Ocidental, só ocorreu quase 30 anos depois das primeiras associações entre países europeus.
Cantões menores já votaram temas como a criação de mais de dois cachorros em casa e instalação de coletores de energia solar em todos domicílios, por exemplo.
Até hoje é obrigatória a construção de abrigos nucleares em todos os prédios com mais de dois andares na Suíça. Só que hoje os abrigos são usados como depósito pelos moradores dos prédios.
(IG)

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