São Paulo, domingo, 30 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

G-7 veta líder sérvio-bósnio na eleição

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LYON

O G-7 veta a participação do líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic na eleição confirmada para 14 de setembro na Bósnia.
O veto faz parte de um texto específico sobre a Bósnia anexado ao comunicado final da cúpula do grupo, encerrada ontem em Lyon (sudeste da França).
Pede também o afastamento de Karadzic de suas funções públicas e sua entrega ao Tribunal Internacional de Haia, no qual está sendo julgado, à revelia, sob acusação de crimes de guerra.
Outro parágrafo, porém, propõe que as partes envolvidas adotem uma lei de "anistia ampla". Parece o aceno de uma troca: a entrega de Karadzic seguida da anistia.
Apesar da pressão internacional, Karadzic foi eleito ontem para liderar por quatro anos o Partido Democrático Sérvio.
O partido controla polícia, administração e mídia dos sérvios da Bósnia. O cargo assegura a ele poder político, mesmo que não seja candidato nas eleições.
Obviedades e destaques
O anexo sobre a Bósnia acabou sendo mais significativo do que o documento final propriamente dito, repleto de uma coleção de espantosas obviedades.
Exemplo, no capítulo sobre drogas: "As drogas representam uma séria ameaça para o futuro de nossas gerações mais jovens, a saúde de nossos cidadãos e a integridade de nossas sociedades".
Alguns destaques do texto:
1 - TESTES NUCLEARES - O G-7 manifesta o compromisso de concluir o CTBT (Tratado de Banimento Abrangente de Testes Nucleares) até o fim da assembléia-geral da ONU (setembro).
2 - MEIO-AMBIENTE - "Estamos explorando a possibilidade de suplementar nossas contabilidades nacionais para melhor medir recursos como florestas, minerais e peixes e o valor econômico da qualidade do ar, água e solo".
3 - CRIME ORGANIZADO - O G-7 se compromete a uma plena mobilização de recursos e influência para combatê-lo, o que inclui "privar os criminosos de seus lucros ilícitos" (sequestro de bens).
4 - ORIENTE MÉDIO - O documento insiste no princípio "terra por paz", que foi a base dos acordos até agora conseguidos entre Israel, os palestinos e países árabes.
Significa, na prática, devolver territórios palestinos ocupados por Israel, o que contraria a retórica eleitoral com que Binyamin Netanyahu ganhou as eleições.
5 - ONU - O documento dá ênfase a reforma e fortalecimento da organização. Diz, a propósito: "Estamos decididos a promover uma solução de longo prazo baseada na adoção de uma escala de contribuições mais equitativa".

LEIA MAIS sobre o G-7 à pág. 26

Texto Anterior: Dominicanos votam hoje no 2º turno presidencial
Próximo Texto: Cláusula social será teste para o Brasil
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.