São Paulo, segunda-feira, 1 de julho de 1996
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PC perdoou dívida de R$ 1 mi da família de Cláudia

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

O empresário Paulo César Farias, morto na semana passada, perdoou uma dívida de cerca de R$ 1 milhão de Luiz Dantas, político alagoano, tio de Cláudia Dantas e responsável pela aproximação entre PC e a moça.
O dinheiro, segundo o empresário alagoano, era referente a uma dívida da campanha eleitoral de 1990, quando Dantas se elegeu deputado federal com a ajuda do ex-tesoureiro.
Durante o processo do impeachment de Fernando Collor, Dantas votou a favor da queda do ex-presidente.
Esse fato irritou PC, que passou a cobrá-lo publicamente e o acionou também na Justiça.
"Amizade fraternal"
Parentes e auxiliares de PC argumentam que o empresário havia "esquecido" essa dívida, mas o fato não teria a menor ligação com o namoro que havia iniciado recentemente com Cláudia.
Nos últimos meses, PC e Dantas esqueceram os conflitos do passado e voltaram a ser bons amigos. "Eles mantinham uma amizade fraternal", disse Gabriel Mousinho, primo e assessor de imprensa da família Farias.
Aproximação
Cláudia e os auxiliares de PC contam que foi Luiz Dantas, que atualmente é secretário estadual de Energia e Saneamento de Alagoas, que promoveu a aproximação entre o ex-tesoureiro de Collor e Cláudia.
Procurado ontem durante todo o dia pela Folha, o secretário não foi localizado em Maceió.
Na época que era cobrado por conta da dívida, Dantas negava qualquer envolvimento com o esquema montado por PC e Collor para ajudar candidatos a deputados federais em 1990.
A família de PC lutava para tentar afastar Suzana Marcolino da vida de PC.
Moça digna
Ao mesmo tempo, fazia tudo para que ele se dedicasse ao romance com Cláudia, considerada uma "moça digna".
Os parentes do empresário acreditavam que a namorada Suzana prejudicava "a imagem" da família Farias.
PC namorava Suzana há um ano e meio, dizia que estava prestes a sair do romance, mas alguns amigos seus relatam que o ex-tesoureiro tinha dificuldades para terminar os seus casos.
Mesmo com vontade de romper o namoro, o empresário mantinha um comportamento dúbio com Suzana, segundo apurou a Folha.
Além de não cometer indelicadezas típicas de quem está querendo sair de um romance, PC telefonava para ela várias vezes por dia e abria champanhes com entusiasmo, como as duas garrafas da madrugada do crime.
Detetive
O deputado federal Augusto Farias (PPB-AL) nega que tenha contratado o detetive particular Alceu Alves Guimarães para seguir Suzana durante a sua permanência em São Paulo. "Foi o próprio Paulo quem fez isso", disse.
O motivo, segundo o deputado, era a desconfiança de que a namorada o traía.
Segundo hipótese da Polícia Civil de Alagoas, PC também poderia ter contratado o detetive particular para seguir com uma intenção: obter uma desculpa para acabar o romance.

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