São Paulo, quinta-feira, 4 de julho de 1996 |
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Óleo tóxico não é encontrado no Rio
RONI LIMA
Moradores da favela invadiram uma subestação de energia desativada do Metrô para furtar equipamentos. Ao violar um transformador, deixaram vazar cerca de cem litros do ascarel, que é um produto cancerígeno. Desde que foi dado o alarme, na segunda-feira, moradores da favela já devolveram 12 garrafas de 2 litros cheias de óleo mineral, que também vazou de outro transformador, mas não é considerado produto tóxico. Nenhuma quantidade de ascarel foi devolvida. Mistério Moradores disseram ter visto vizinhos levando o óleo, mas o paradeiro do ascarel continua sendo um mistério. Uma parte, pelo menos, estava no chão, próximo ao transformador violado, e foi retirada ontem para ser incinerada. O chefe do Serviço de Controle de Poluição Acidental da Feema, Antônio Carlos Gusmão, disse achar "improvável" que moradores ainda guardem ascarel, após as informações divulgadas sobre os graves riscos à saúde. "É improvável, mas não é impossível", disse ele. Pelo menos um morador, Adenir Jerônimo de Souza, 18, afirmou ter levado uma lata de 20 litros de ascarel. Ele disse que acabou derrubando a lata em seu corpo e no chão. Segurança Gusmão criticou o Metrô por guardar dois transformadores com óleo ascarel em um local sem segurança. A direção da associação de moradores também criticou a companhia. A entidade estuda pedir à Justiça indenizações por danos à saúde. "O Metrô terá agora que arrumar uma desculpa para justificar o abandono daqui, inventando até que moradores entraram armados e renderam o segurança", disse a presidente da associação, Elma Maria Brandão de Oliveira. O chefe da Divisão de Obras do Metrô, Sidney Suzano, afirmou que os transformadores foram violados na manhã de segunda-feira, quando um grupo de "pivetes" invadiu a subestação e rendeu, com armas, o segurança. Moradores afirmaram que o local vive sem segurança e que o transformador foi violado há meses. Técnicos da Feema -que pediram para não ser identificados- disseram que seguranças do Metrô só apareceram às 21h30 de terça-feira. A assessoria de imprensa da Feema informou que estão sendo estudadas medidas contra o Metrô. A companhia poderá vir a ser multada pelo eventual dano ambiental que tenha causado com o vazamento. Saúde A Secretaria Municipal da Saúde deverá enviar hoje à favela Pára-Pedro uma equipe de médicos para avaliar o estado de saúde dos moradores que tenham entrado em contato com o óleo ascarel. A secretaria deverá acompanhar a evolução do estado de saúde destes moradores, inclusive coletando sangue para exames. Moradores afirmaram ontem que até agora não foram sequer orientados para ir ao posto de saúde. Os dez favelados que, anteontem, foram orientados a procurar atendimento médico ainda não tiveram seu sangue coletado para exames. Texto Anterior: Queda de caminhão deixa 3 mortos Próximo Texto: Moradores de favela brincam com risco à saúde Índice |
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