São Paulo, quinta-feira, 4 de julho de 1996
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Bancos vão, sem culpa, ao redesconto

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo mecanismo de redesconto "descriminado" do BC (Banco Central) começa aos poucos a ser utilizado pelas grandes instituições financeiras.
Ontem, executivos das mesas de operações dos bancos estimaram em R$ 2,0 bilhões a R$ 3,0 bilhões o volume sacado pelos grandes bancos junto ao redesconto para posterior repasse a outros bancos.
Desde segunda-feira, os bancos com depósitos à vista podem sacar recursos do redesconto a um custo de 2,45% ao dia (1,90% ao mês), sem que por isso tenham de cair na lista negra do mercado, por onde passam bancos em dificuldades.
Os bancos podem emprestar dinheiro do BC a 2,45% e repassá-los ao custo de 2,48% a 2,52% (teto do mercado aberto ontem), ganhando a diferença.
A medida foi intencional e tende a diminuir o chamado empoçamento da liquidez no mercado (só grandes instituições terminam o dia com excesso de caixa).
O problema, segundo operadores, é que os bancões privados (Bradesco, Itaú, Unibanco, Bamerindus) ainda têm muito preconceito contra o redesconto, deixando-o de lado. Estariam utilizando o novo mecanismo instituições como o Banco do Brasil e Cef, especulam os executivos financeiros.
As Bolsas de Valores subiram ontem com a notícia de que o Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve Board (banco central) dos Estados Unidos decidiu, por enquanto, manter as taxas de juro nos patamares atuais.
A notícia foi comemorada com uma alta de 1,76% na Bovespa, cujo índice fechou a 63.558 pontos, e com uma valorização de 1,3% do Isenn, na Bolsa do Rio.
Como os juros americanos estão bastante baixos baixos -o título do Tesouro de 30 anos, referencial de mercado, paga somente 6,94% ao ano-, a medida do Fed foi vista como mais um estímulo aos investimentos externos nas Bolsas latino-americanas. Daí a alta nas bandas de cá.
A Bovespa movimentou robustos R$ 563,3 milhões, recuperando o terreno perdido na véspera para a Bolsa do Rio, que movimentou R$ 111,2 milhões. Ainda assim, a Bolsa carioca girou quase três vezes a média registrada no primeiro semestre do ano. O crescimento deve-se à redução, em 80%, dos emolumentos cobrados nas transações com papéis da Telebrás.

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